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“Embaixador” do Chocolate da Páscoa, Pedrinho lembra 5 a 1 do Vasco sobre Flamengo: “Fiz um jogo sensacional”

Em 2000, Vasco goleia o Flamengo no Domingo de Páscoa e conquista a Taça Guanabara

Às vésperas do Domingo de Páscoa no ano de 2000, Eurico Miranda prometeu chocolate, e o Vasco cumpriu: 5 a 1 com direito à conquista da Taça Guanabara sobre o Flamengo. Os esperados gols de Romário também aconteceram e não foram poucos. Três. Mas Ovo de Páscoa que se preze nos tempos modernos sempre tem um plus, uma surpresa, não é só chocolate. E Pedrinho foi o responsável por adoçar ainda mais aquele 23 de abril dos cruz-maltinos.

Não que o talento do camisa 10 do time naquela goleada fosse novidade, mas ele aprontou. Jogou demais. Distribuiu dribles, deu ótimos passes para Romário – um deles terminou no quarto gol do Vasco – e marcou história com uma jogada de efeito que soou como provocação.

Um minuto e meio após fechar o placar do clássico, levou os vascaínos à loucura ao fazer embaixadinhas próximo à risca do meio-campo e revoltou os rivais rubro-negros.

Pedrinho pede silêncio à torcida do Flamengo após marcar o quinto no chocolate da Páscoa — Foto: Reprodução/Premiere
Pedrinho pede silêncio à torcida do Flamengo após marcar o quinto no chocolate da Páscoa — Foto: Reprodução/Premiere

Hoje comentarista do Sportv, Pedrinho, de 42 anos, ainda trata aquela atuação como uma das maiores de sua trajetória como profissional.

– Além da embaixadinha e do meu gol, fiz uma partida sensacional. Dei três ou quatro passes deixando o Romário na cara, joguei muito bem. Foi um dos grandes jogos que fiz na carreira.

Questionado se tem algum arrependimento pelas embaixadinhas devido ao que elas provocaram nos jogadores do Flamengo, Pedrinho é firme. Só faz questão de destacar: não tomou a atitude para provocar, mas sim como recurso.

– Me desculpei em respeito ao adversário, mas não fiz de maldade. Aconteceu o lance. Ficou marcado na história, e eu não me arrependo não. Está gravado. Só quis dar continuidade à jogada quando a bola levantou e acabou sendo daquela forma, mas não foi com o intuito de menosprezar ninguém.

Pedrinho beija a bola antes de bater o pênalti na goleada do Vasco sobre o Flamengo — Foto: Reprodução/Sportv
Pedrinho beija a bola antes de bater o pênalti na goleada do Vasco sobre o Flamengo — Foto: Reprodução/Sportv

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O Clássico dos Milhões tem inúmeros jogos históricos. Gol do Cocada, do Tita, do Pet e muitos outros. Para você, o Chocolate da Páscoa é o maior jogo da história do confronto Vasco x Flamengo?

Para mim, foi o maior Vasco x Flamengo que disputei. Não sei se é o maior da história porque eu não estava no contexto dos outros mais antigo e nem sei o que importância que tinha para as pessoas em determinado momento. Mas, para mim, como profissional e vindo da base do Vasco, foi o Vasco e Flamengo mais histórico que disputei.

É o maior jogo da sua vida?

Sendo cria da base do Vasco, foi um dos mais importantes, porque eu boto os dois jogos das quartas de final da Libertadores contra o Grêmio. Fiz os dois gols, um no empate por 1 a 1 lá no antigo Olímpico e em São Januário, onde foi 1 a 0, e a gente classificou para a semifinal. Então coloco esses dois jogos juntos com o do Flamengo.

Ainda no Maraca, você se desculpou em entrevista e disse que pediu perdão aos jogadores do Flamengo. Apesar do que provocou, se arrepende? Porque, além de “Chocolate da Páscoa”, o 5 a 1 ficou conhecido também como o “Jogo das Embaixadinhas”?

Não me arrependo do episódio das embaixadinhas até porque eu tinha sofrido muito com a zoação dos torcedores por ter me machucado gravemente. Em um contato que tive com o torcedor no Maracanã na final do ano anterior, a do gol do Rodrigo Mendes, eu sofri bastante com gozação.

Falei que daria a vida no próximo Vasco e Flamengo que eu disputasse. Me desculpei em respeito ao adversário, mas não fiz de maldade. Aconteceu o lance. Ficou marcado na história, e eu não me arrependo não. Está gravado. Só quis dar continuidade à jogada quando a bola levantou e acabou sendo daquela forma, mas não foi com o intuito de menosprezar ninguém.

Você era um jogador muito querido até pelos rivais, não tinha muita rixa com a torcida do Flamengo. Por que pediu para eles baixarem a bola na comemoração do quinto gol?

Quando pedi para a torcida ficar em silêncio foi pelo episódio que aconteceu no ano anterior como falei na resposta acima. Fui ao Maracanã participar de uma transmissão de um jogo na Globo, comentar o jogo no intervalo. Os torcedores do Flamengo me viram e começaram a me ofender muito. Eu estava muito sensibilizado por estar com a segunda cirurgia no joelho e porque não sabia o que ia acontecer. O silêncio foi por esse motivo especificamente.

Acha que se o Amaral faz aquele golaço de cobertura, as embaixadinhas do Pedrinho e os três gols do Romário seriam ofuscados pelo fato de ele pouco fazer gols (risos)?

O gol do Amaral seria a cereja do bolo pelo contexto geral que foi o jogo. Romário fez os três gols. Além da embaixadinha e do meu gol, fiz uma partida sensacional. Dei três ou quatro passes deixando o Romário na cara, joguei muito bem. Joguei muito bem, foi um dos grandes jogos que fiz na carreira. Amaral fez uma jogada sensacional, mas acho que não diminuiria os três gols do Romário nem tudo que aconteceu comigo naquela partida.

Não foram só as embaixadinhas, foram dribles, assistência para o terceiro do Romário. Que nota você dá para a sua atuação?

Foi uma grande partida que fiz dando assistência, dribles. Dar nota para si próprio não é muito a minha, mas como é uma brincadeira, eu daria nota 9.

Fonte: Globoesporte