Disputada entre os anos 1950 e 1970 em Caracas, na Venezuela, a Pequena Taça do Mundo reunia equipes sul-americanas, gigantes europeus e seleções nacionais. Campeão nas edições de 1967, 1968 e 1970, o Botafogo não viu a cor dos troféus, que não foram entregues pela organização. O que aconteceu? Um jornal da época aponta que a taça de 68, por exemplo, foi roubada.

Naquele ano, o Botafogo havia superado a seleção argentina e o Benfica-POR para ser o primeiro. A publicação registra que os jogadores ficaram posicionados no gramado para receberem a premiação, quando foram comunicados do roubo da taça.

– O Botafogo ganhou uma rica taça, ao vencer a seleção argentina, anteontem, em Caracas, mas nem os jogadores e nem os dirigentes conseguiram ver o troféu. Depois do jogo, os botafoguenses ficaram perfilados no centro do campo, para a solenidade da entrega, mas os dirigentes venezuelanos, envergonhados, explicaram que a taça havia desaparecido e a entrega teria que ser adiada sine die – escreveu o jornal em 27 de agosto de 1968.

Na realidade, nenhuma das taças foi entregue ao clube, que planeja confeccionar os troféus exatamente como eram. Quando prontos, serão exibidos no Centro de Memória para os torcedores.

O jornal faz parte do acervo do ex-jogador Waltencir, o quarto com mais jogos na história do Botafogo. O ex-lateral faleceu em 1978 em uma partida. Dois anos após sair do Alvinegro, ele estava no Colorado (clube que deu origem ao Paraná) e disputava um jogo no Estádio Willie Davids, contra o Maringá. Em um choque com Nivaldo levou a pior: sofreu três fraturas na coluna cervical e dupla ruptura da medula. Foi socorrido, mas chegou morto ao Hospital Santa Rita. Tinha só 31 anos.

Os filhos Ticiana Senra e Igor Senra cuidam do acervo do pai atualmente.

Nos últimos dias, o Botafogo registrou em seu site oficial as três conquistas como títulos mundiais e informou que irá à Fifa pela oficialização dos troféus, como informou o grande benemérito e curador do Centro de Memória do clube, Luiz Felipe Carneiro de Miranda.

– A gente fez uma pesquisa detalhada por anos para perceber a importância que esse torneio tinha. Jogamos contra times de primeira linha. E estamos, também, respondendo a um desejo antigo da torcida do Botafogo – disse o historiador ao GloboEsporte.com na última quinta-feira.

Nas três edições que participou, o Botafogo passou por clubes como Barcelona-ESP, Benfica-POR e Peñarol-URU, fora as seleções argentina e soviética. Além do Alvinegro, outros brasileiros venceram o torneio: Bangu, Corinthians, Cruzeiro e São Paulo.

Fonte: Globoesporte