Pesquisadores dos laboratórios da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) contam como é a rotina para evitar a contaminação pelo coronavírus. O Laboratório de Virologia Molecular é referência em testes da Covid-19.
Mestrando em genética, Richard Maia chega às 8h no trabalho e sai às 21h. Segundo ele, os cuidados são necessários para diminuir os riscos de contaminação.
“A gente tem que estar todo paramentado. A gente usa um jaleco descartável, que a gente usa naquele momento e depois joga fora. A máscara, essa máscara facial que cobre todo o rosto, a touca, que também é uma proteção nossa, e a luva”, diz.
Mas, segundo ele, a cautela começa antes mesmo de chegar ao trabalho. Ele e os colegas de trabalho evitam usar o transporte público.
“Sempre vai um carro com mais de pessoa do laboratório para evitar a circulação”.
Além da roupa que vestirá, é preciso separar uma outra muda que será usada no trabalho. Tudo é feito no dia anterior para adiantar.
“Essa roupa que estava na rua, eu não transito dentro do laboratório. Sempre trago na mochila uma muda de roupa nova, que eu só uso no laboratório. No final do dia, eu destroco a roupa. E essa [usada no laboratório] é lavada separadamente em casa para não ter risco de contaminação. Nem trazer coisas lá de fora aqui para dentro e nem daqui de dentro lá para fora”, conta.
Na sala de extração, ele coloca as luvas, máscara N95, jaleco e calça descartável e protetor facial.
No fim do dia, ele retira os Equipamentos de Proteção Individual (EPIs), mas antes borrifa álcool para descontaminar, ainda que a roupa seja descartável.
“É uma questão de segurança”, diz o mestrando. A última etapa antes de sair do laboratório é tomar um banho e colocar a roupa que foi usada no trabalho em um saco para ser lavada separadamente em casa.
Ele veste então outra roupa para ir para casa e, chegando lá, diz que é preciso tomar outro banho.
A bióloga Diana Mariani diz que quase não vê mais o filho de 1 ano. Ela passa mais de 10 horas em um dos centros de pesquisa da UFRJ.
“A gente tá tendo de 40 a 50 amostras por dia. Estou vendo pouco o meu filho. E em relação à segurança, eu não tenho tanta preocupação porque aqui a gente toma todos os cuidados necessários, então, o risco é se contaminar lá fora”, fala Diana.
Todos os laboratórios do mundo têm níveis de biossegurança de acordo com os tipos de pesquisa.
O médico virologista Amilcar Tanuri comanda os trabalhos para tentar conter a transmissão. A UFRJ também participa da validação dos testes rápidos importados, que mostram o resultado em 15 minutos. Eles precisam ter a eficácia comprovada antes da liberação e serão usados prioritariamente em médicos e enfermeiros.
Especialista em genética viral, Tanuri sabe o quanto a ajuda da população é fundamental no combate ao novo coronavírus.
“Quanto mais a gente bloquear a circulação de pessoas suscetíveis, menos combustível para o vírus, menos casos graves nos hospitais. É isso que a gente quer evitar. E menos mortes. Agora, se você não pode desinfetar tudo, qual é a melhor maneira de fazer? Lava a sua mão, passa álcool gel, pelo menos você sabe que a sua mão está desinfetada”, recomenda o médico.
Fonte: G1