O Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) abriu um inquérito nesta segunda-feira (13) para analisar se os poderes Executivo e Legislativo estão sendo transparentes nas contratações emergenciais — quando não é necessário processo de licitação — durante o período de pandemia do coronavírus.
No mesmo documento, o órgão enviou uma recomendação ao governador do RJ, Wilson Witzel, ao presidente da Assembleia Legislativa do Rio, André Ceciliano, e a secretários estaduais de diferentes pastas dando prazo de cinco dias para apresentarem quais medidas estão sendo tomadas para garantir transparência nas execuções dos contratos para enfrentar a Covid-19.
No inquérito, o MPRJ orienta que os Poderes devem divulgar as informações sobre contratações emergenciais diretas com dispensa de licitação com o nome do contratado, o número de sua inscrição na Receita Federal, o prazo contratual e valores envolvidos nos portais eletrônicos.
O inquérito também citou a decisão da Secretaria de Estado de Saúde de tornar sigilosos documentos de compras emergenciais no valor de R$ 835 milhões para conter a pandemia. Os documentos chegaram a ser retirados do Sistema Eletrônico de Informações da Secretaria.
A pasta informou que um servidor indevidamente colocou os processos em sigilo e que abriu sindicância para apurar os motivos. A secretaria informou ainda que, por determinação do governador Witzel, todos os contratos emergenciais vão ser enviados para análise no Tribunal de Contas do Estado, da Alerj e Ministério Público.
O governador Wilson Witzel também exonerou a subsecretária de Saúde Mariana Scardua, que entre outras funções cuidava da fiscalização de contratos e gestão de recursos.
Fontes da secretaria afirmam que ela estava perdendo espaço pra o colega Gabriel Neves, nomeado em fevereiro como subsecretário executivo para coordenar as contratações emergenciais em função da pandemia.
A ex-subsecretária estaria descontente com algumas das contratações feitas sem licitação por Gabriell Neves.
R$ 1 bi em contratações emergenciais no RJ
O Governo do Rio de Janeiro realizou gastos no valor de R$ 1 bilhão para fechar contratos emergenciais, sem licitação, para o combate à pandemia da Covid-19. Os valores dos contratos serão destinados para a compra de respiradores, máscaras e testes rápidos.
A maior parte desse dinheiro, quase R$ 836 milhões, foi destinado para a Organização Social (OS) Instituto de Atenção Básica e Avançada à Saúde (Iabas), que está proibida de participar de novas licitações por dois anos no município do Rio por suspeita de descumprir contratos e cometer erros administrativos graves nas UPAs de Costa Barros e Madureira.
A organização Iabas já recebeu a primeira parcela no valor de R$ 69 milhões. O dinheiro é para administrar 1,4 mil leitos dos sete hospitais de campanha do estado.
Fonte: G1