Jornal Povo

Análise indica que remédios em teste contra coronavírus têm preço baixo

A maioria das drogas em teste no mundo para tratar vítimas de Covid-19 pode custar cerca de US$ 1 ao dia por paciente, ou até menos, segundo uma análise publicada na revista científica Journal of Virus Eradication.

Os pesquisadores alertam, todavia, que é necessário um esforço conjunto de governos e da Organização Mundial da Saúde (OMS) para que os preços não disparem, a exemplo do que já ocorreu com respiradores, máscaras e testes.

O problema já acontece nos Estados Unidos com a cloroquina. Depois que o presidente Donald Trump foi à TV e às redes sociais dizer que ela seria uma solução para o coronavírus, mesmo sem fundamento científico, o preço de um tratamento de sete dias subiu de cerca de US$ 1 para US$ 93 nos EUA. Em Bangladesh, o país mais barato, custa US$ 0,20.

A OMS e 50 países, entre eles o Brasil, testam uma série de medicamentos desenvolvidos originalmente para outras doenças, mas que, em estudos com culturas de células em laboratório ou com pequenos grupos de pacientes, mostraram ser candidatas para experimentos maiores, como possíveis tratamentos para a Covid 19.

Estão entre eles o remdesevir, desenvolvido contra ebola e Sars; a cloroquina e a hidroxicloroquina, contra malária e algumas doenças autoimunes, como lúpus; e lopinavir, contra a Aids.

O estudo o custo das drogas foi liderado por Andrew Hill, um especialista em preço de medicamentos da Universidade de Liverpool, no Reino Unido.

Os pesquisadores consideram os preços das matérias-primas dos chamados ingredientes farmacêuticos ativos, a formulação destes em remédios, embalagens e adicionaram 10% para os laboratórios fabricantes.

Oito dos nove remédios analisados podem custar menos de US$ 1,5 paciente/dia. Por curso de tratamento, cada paciente custaria até US$ 31. “Todas essas drogas são baratas de produzir, se houver uma ação coordenada”, disse Hill em sua análise.

A única droga que não teve o preço estimado foi o anticorpo monoclonal tocilizumabe, empregado no tratamento da artrite reumatoide, porque ele é produzido em quantidades muito pequenas, difícil de avaliar ainda em grande escala.

Baratas de produzir, mas nem sempre baratas para comprar

Índia e Paquistão, que são grandes produtores de insumos básicos, têm condições de chegar a um custo mínimo de US$ 0,20 e máximo de US$ 510. Nos EUA, porém, esse custo seria de US$ 19 a US$ 18.610.

A preocupação dos pesquisadores é que os preços altos prevaleçam, e esses medicamentos, caso se mostrem eficazes contra a Covid-19, não cheguem a pacientes e países pobres. O racionamento de drogas e os preços elevados poderão prolongar a pandemia, alertou a farmacêutica Jessica Burry, dos Médicos Sem Fronteira.

Fonte: Jornal Extra

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