Jornal Povo

Rocinha tem 35 casos de Covid-19; ‘próximos dias serão bem difíceis’, diz morador

“Os próximos dias serão bem difíceis para as favelas”. Essa é a previsão do assistente social Leandro Castro, morador da Rocinha, na Zona Sul do Rio de Janeiro. A preocupação dele se reflete em dados. Em cinco dias, o número de pessoas diagnosticados com Covid-19, a doença causada pelo novo coronavírus (Sars-Cov-2) aumentou de 6 para 35. Até a manhã desta quarta (15), três pessoas tinham morrido na comunidade em consequência da doença.

De acordo com dados da secretaria municipal de Saúde do Rio, a Rocinha contabilizava nesta quarta-feira (14) 35 casos de pessoas infectadas. São 29 a mais do que os 6 registrados na quinta (9). A escalada dos números representa um aumento de 467% no número de infectados em menos de uma semana.

“A gente sabe que os próximos dias serão bem difíceis para as favelas. Não só para a rocinha, mas para as favelas do Rio de Janeiro. É por isso que agora a gente está batendo nessa tecla de medidas concretas. Que o estado pense, junto com a prefeitura, de que forma ele pode mitigar essa proliferação da Covid-19”, afirmou Castro.

A favela da Rocinha, localizada em São Conrado, na Zona Sul do Rio, tem 69,1 mil habitantes. A comunidade teve seu primeiro registro de ocupação em 1938, segundo moradores e líderes comunitários. As informações sobre a Rocinha foram adquiridas através do Instituto Pereira Passos (IPP), que tem como base os dados do último Censo do IBGE (2010).

  • Local: Zona Sul do Rio
  • População: 69.156 habitantes
  • Idade: 82 anos

Leandro Castro contou ainda ao G1 que as unidades de saúde do bairro não fazem testes para Covid-19. Por esse motivo, um coletivo social da Rocinha estuda a possibilidade de cobrar das autoridades um centro de diagnóstico e tratamento.

“Fica muito frágil quando você tem somente essas unidades para atendimento e não um espaço específico para casos suspeitos. (…) Acredito que um espaço, dada a proporção da Rocinha com a questão do adensamento populacional e todas as questões geográfica e territorial, um polo de atendimento no contexto da favela é algo urgente”, afirmou Leandro.

“A Rocinha, neste momento, é a favela com o maior número de casos confirmados. A gente tem espaço para fazer isso, como no centro esportivo, quadra de escola de samba. Sem dúvidas, isso seria uma medida concreta que faria a gente seguir nessa luta de combate da Covid-19 na favela”, completou.

Triagem de pacientes é feita em tenda improvisada

O designer Denis Neves afirmou que alguns moradores da comunidade, que procuraram atendimento médico na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do bairro, passaram por uma triagem ainda do lado de fora do posto de atendimento.

Movimentação na Rocinha no domingo de Páscoa — Foto: Arquivo Pessoal
Movimentação na Rocinha no domingo de Páscoa — Foto: Arquivo Pessoal

“Eu soube que na UPA da Rocinha estão com uma tenda do lado de fora para fazer um primeiro filtro. As pessoas que estão com quadro forte dos sintomas estão sendo transferidas para outros hospitais, eles não estão atendendo aqui. Em casos menores, eles estão com uma sala isolando, entrando uma pessoa por vez”, afirmou Denis.

Em relação a proliferação da doença, assim como Leandro, Denis acredita que o surto da doença vai ser muito maior na comunidade. Além do aumento no número de doentes, há grande movimentação nas ruas da comunidade.

“Está aumentando exponencialmente [os casos de Covid-19]. (…) A tendência é piorar, a gente tem aqui um foco enorme de tuberculose. A transmissão acaba sendo feita também pelo ar, local fechado, falta de circulação, acaba sendo a mesma situação do coronavírus”, afirmou Neves.

G1 questionou a secretaria municipal de Saúde do Rio sobre o aumento expressivo do número de pessoas diagnosticadas com Covid-19 e sobre a possibilidade de se realizar testes nas unidades de saúde básicas do bairro. No entanto, até a publicação desta reportagem não havia recebido resposta.

Onde fica a Rocinha  — Foto: Juliane Souza/G1

Medidas anunciadas pela prefeitura

  • distribuição de kits de higiene e limpeza (com sabão, sabonete, detergente, papel higiênico e álcool gel) na Rocinha e em outras favelas da cidade;
  • vacinação contra gripe em idosos acima de 80 anos;
  • orientações que vão de cumprir o isolamento domiciliar a ensinar a correta higienização pessoal e do ambiente;
  • orientação para que, em casas com apenas um cômodo, infectadas permaneçam a, pelo menos, um metro de distância dos demais moradores;
  • disparo de sirenes da Defesa Civil municipal nas comunidades para alertar a população sobre os risco do novo coronavírus e também para informar os idosos sobre as vagas em hotéis;
  • distribuição de cestas básicas para as camadas mais necessitadas da população;
  • construção de hospital de campanha com 500 leitos no Riocentro.

Fonte: G1

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