“É impressionante como depois de 10 anos a repercussão é a mesma”. A fala é do ídolo Jefferson, que recordou neste sábado o lance histórico da cavadinha de Loco Abreu no dia 18 de abril de 2010 (ouça acima podcast especial com a participação do goleiro, do uruguaio e de Antônio Carlos). A inesquecível vitória por 2 a 1 sobre o Flamengo deu o título carioca ao Alvinegro.
– O carinho dos torcedores é como se tivesse acontecido ontem. Eu fico feliz de ter tido a oportunidade de ter vivido esse momento no clube. É uma ótima lembrança – afirmou o ex-goleiro.
Não só Loco Abreu é lembrado uma década depois. Jefferson foi fundamental ao defender pênalti cobrado por Adriano e garantir a vitória do Botafogo. O ídolo alvinegro conta que não precisou estudar muito os cobradores rubro-negros na ocasião.
“Contra o Flamengo não precisa estudar. Contra o Flamengo não precisa de preleção. É um clássico, tem uma atmosfera diferente. Não precisa de vídeo motivacional”.
– E no Flamengo já conhecíamos todos os batedores oficiais. Já tinha estudado o Adriano e sabia qual era o canto forte dele. E, mesmo não tendo uma grande experiência na época, eu exigia muito da minha explosão. Eu procurava esperar ao máximo o batedor. O canto do Adriano era o esquerdo cruzado. Pensei que ele não iria mudar, mas também sabia que não poderia sair antes. Esperei o máximo possível para usar a explosão. Foi um momento diferente na carreira.
“Foi o meu gol”.
Bate-papo com Jefferson:
Para lavar a alma
Não tivemos a experiência dos anos anteriores de perdas, mas naquele ano nós sentimos na pele pelo semblante dos jogadores e de alguns dirigentes que viveram os anos anteriores. Foi um jogo diferente. Sabíamos que tínhamos que vencer aquele ano para não ficar na história do clube de forma negativa.
Uma pedra e tanto no caminho
Começamos o ano bem, boa equipe e fazendo bons jogos, mas tivemos um jogo atípico contra o Vasco, quando perdemos por 6 a 0. Interessante que nesse jogo o Alessandro falou: “Vamos ser campeões desse campeonato ainda”. E demos a volta por cima com a chegada do Joel. Ele conseguiu armar a equipe com a estratégia dele e foi um Carioca histórico para a gente.
Favoritismo do Flamengo
O Flamengo tinha o favoritismo naquele jogo, mas isso trouxe forças para o nosso grupo. Tanto que no final da partida falamos: “O gigante caiu”. Era Davi contra Golias. E naquele ano o gigante caiu.
Cavadinha de Loco Abreu
Nem imaginava, não passava pela minha cabeça que o Loco iria bater daquele jeito, ainda mais numa final. ele não falou nada. Mas ele disse: “Foi mais forte do que eu”. E do outro lado tinha o Bruno, que também estudava muito os cobradores e sabia os pontos fortes do Loco. Foi arriscado, mas foi um recurso de uma pessoa que tem muita personalidade para fazer isso.
Esse jogo ficou marcado. Lavou a alma de muitos torcedores. Esse pênalti e esse jogo ficaram marcados para o resto da vida. Você vencer uma final, contra o rival, pegar o pênalti do Adriano, uma cavadinha do Loco Abreu… fica marcado.
Fonte: Globoesporte