O valor do barril do petróleo americano atingiu o menor patamar da história nesta segunda-feira (20), sendo negociado no terreno negativo — ou seja, abaixo de US$ 0. A baixa é referente aos contratos de entrega para maio, que já estão prestes a expirar, e simboliza um grave problema no setor: receio com o excesso de estoque — a demanda recua em 30% pela pandemia do novo coronavírus.
Com os operadores do mercado de energia tentando se livrar freneticamente dos contratos referentes à maio, o recuo de mais de 90% abriu o maior spread da história entre o contrato atual e o próximo, diante da falta de armazenamento para a commodity.
Às 14h51, o valor do petróleo dos Estados Unidos caía US$ 15,77, ou 86,32%, sendo negociado a US$ 2,5 por barril. Já o segundo vencimento do petróleo nos EUA operava em queda de mais de 11%, a US$ 22,15.
Embora países produtores tenham concordado em reduzir bombeamento e as maiores petroleiras do mundo também estejam diminuindo produção, os cortes não serão rápidos o suficiente para evitar problemas nas próximas semanas.
“Como a produção continua relativamente incólume, os estoques têm enchido a cada dia. O mundo está usando cada vez menos petróleo e os produtores agora sentem como isso se traduz em preços”, disse o chefe de mercados de petróleo da Rystad, Bjornar Tonhaugen.
Como resultado, operadores de contratos futuros, que geralmente conseguem passar com tranquilidade do contrato vencido para o próximo, estão encontrando poucos compradores dispostos a receber os barris do vencimento maio. Conforme mais traders tentavam se livrar do contrato, ele entrou em colapso.
“A cavalaria (cortes de oferta pela Opep+) não vai chegar a tempo de salvar o mercado do petróleo. Essa deve se provar como uma das piores entregas da história. Ninguém quer ou precisa de petróleo neste momento”, disse Phil Flynn, analista sênior de mercado do Price Futures Group em Chicago.
O petróleo Brent recuava US$ 1,7, ou 6,05%, a US$ 26,38 por barril, às 14h51, no horário de Brasília.
Quando um contrato futuro expira, operadores precisam decidir se recebem a entrega ou rolam suas posições para um novo contrato futuro. Normalmente, o procedimento é relativamente tranquilo, mas a queda do contrato maio reflete preocupações de que muita oferta possa chegar ao mercado, com os embarques de países da Opep (como a Arábia Saudita) reservados em março podendo causar um excesso de oferta.
A capacidade disponível de armazenamento está diminuindo rapidamente no centro de distribuição de Cushing, em Oklahoma, onde ocorrem as entregas físicas dos barris de WTI comprados nos mercados futuros. Há quatro semanas, 50% do centro estava cheio –agora, são 69%, segundo o Departamento de Energia dos EUA.
Fonte: CNN