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Heróis dos títulos do Botafogo lembram conquistas da Pequena Taça do Mundo

Ao pleitear o suposto tri mundial, o Botafogo reviveu uma história que estava adormecida para o grande público por mais de 50 anos. Como boa parte dos alvinegros nem sequer eram nascidos, ficou a pergunta: como era a Pequena Taça do Mundo? Em busca da resposta, o GloboEsporte.com conversou com dois campeões: Gerson e Roberto.

O torneio disputado em Caracas, capital da Venezuela, teve alguns nomes diferentes, mas ficou mais conhecido como Pequena Taça do Mundo. Em formato de triangular, foi disputado basicamente por clubes europeus e sul-americanos. Na lista brasileira, além do Botafogo, também figuravam nomes como Vasco, Cruzeiro, Grêmio e Bangu. Sobre os estrangeiros, alguns estão no rol dos gigantes mundiais, tais quais Barcelona, Real Madrid e Peñarol.

Barcelona e Benfica, os maiores rivais

Tanto o Canhotinha de Ouro quanto o antigo centroavante foram heróis naquelas conquistas. Capitão em 1967 e 1968, o histórico camisa 8 chegou a ser eleito melhor jogador do torneio no primeiro título. E com direito a gol de bicicleta. É como o ex-jogador recorda aqueles 3 a 2 sobre o Barcelona.

– Fiz um gol de bicicleta, se me lembro bem. Também ganhei o prêmio de melhor jogador do torneio. Foi um jogo complicado. Inclusive, o Barcelona era tido como um dos melhores da Europa. O Silva, um ponta de lança que jogou no Flamengo, estava com eles na época. O estádio ficou lotado e a Venezuela torceu para o Botafogo – lembra Gerson.

Ídolo, Gerson levantou a taça duas vezes — Foto: Fred Gomes
Ídolo, Gerson levantou a taça duas vezes — Foto: Fred Gomes

Em 1970, Gerson não estava mais no Botafogo, mas Roberto seguiu em General Severiano. Enquanto o meia foi bicampeão, o atacante esteve presente em todas as três conquistas. Em uma delas, tida como a mais marcante, foi decisivo ao marcar um dos gols nos 2 a 0 sobre o Benfica.

Na época, o time português era referência no país, cuja seleção eliminou o Brasil da Copa do Mundo dois anos antes, em 1966. Mesmo sob o comando de Eusebio e cia, os encarnados não foram páreo para o Alvinegro, que garantiu uma vitória tranquila, com gols de Lula e Roberto.

– Jogavam lá Costa Pereira, Eusébio, Coluna… Foi um gol importante pro título em 68, e eu fazia muitos gols nesses torneios. Para mim era normal fazer gol, eu ficava chateado quando não fazia – brincou o ex-atacante.

Destaque no Botafogo, Roberto participou também do tri da Seleção — Foto: Jessica Mello
Destaque no Botafogo, Roberto participou também do tri da Seleção — Foto: Jessica Mello

Títulos do Botafogo

1967

  • Peñarol 0x0 Botafogo
  • Botafogo 3×2 Barcelona

1968

  • Botafogo 1×0 Argentina
  • Botafogo 2×0 Benfica

1970

  • Botafogo 1×0 União Soviética
  • Botafogo 2×1 Spartak Trnava
Registro suposto título mundial no site do clube — Foto: Reprodução
Registro suposto título mundial no site do clube — Foto: Reprodução

Época das excursões

A década de 1960 é considerada a maior da história do Botafogo. Foi a época em que, mais do que títulos, o Alvinegro rodou o mundo para desfilar os craques que vestiam a camisa do clube. Para Gerson, no entanto, o torneio de Caracas é diferente dos outros. A justificativa é o protagonismo que as equipes que disputaram tinham naquele momento.

– O Botafogo tem razão quando acha que deve pleitear isso. A Fifa já disse que não é oficial dela, mas era um torneio com seleções e times campeões. O Botafogo se pega nisso, como o Bangu também foi campeão em 1952. Era um dos mais importantes das Américas, a Pequena Taça do Mundo. Alguém botou esse nome, e não foi o Botafogo – afirma o Canhota.

Roberto passou praticamente todo os anos 60 no Botafogo e lembra da rotina de viagens, que era pesada mas deixou boas memórias. Como a vez em que, em solo gringo, o time carioca venceu o Santos de Pelé duas vezes seguidas. O ano foi 1966, e o palco foi a mesma Caracas em que o clube ganhou os três títulos que garante serem mundiais.

– O Botafogo disputou um torneio no México e o Santos disputava outro em Paris. Os dois ganharam e marcaram um jogo entre Botafogo e Santos em Caracas. Lembro que a imprensa dava o Santos como favorito, porque tinha Pelé e estava em grande momento. Nós ganhamos o jogo de 2 a 1, festejamos muito, mas marcaram outro jogo porque não acreditaram que a gente tinha vencido o Santos. Aí teve uma revanche lá em Caracas também e ganhamos de novo, dessa vez por 3 a 0 – contou.

Fonte: Globoesporte