Jornal Povo

Boeing rescinde acordo de compra da área da aviação comercial da Embraer

A Boeing anunciou neste sábado (25) a rescisão do acordo que daria à gigante norte-americana o controle sobre a divisão de aviação comercial da Embraer.

Firmado em 2018, o negócio – então avaliado em R$ 5,26 bilhões – previa a criação de uma empresa conjunta que ficaria sob comando da Boeing, com 80% de participação. A Embraer ficaria com os 20% restantes, e poderia vender a sua parte para a americana.

“É uma decepção profunda. Entretanto, chegamos a um ponto em que continuar negociando dentro do escopo do acordo não irá solucionar as questões pendentes”, diz o comunicado aos investidores divulgado pela Boeing.

O texto diz ainda que a Boeing “exerceu seu direito de rescindir” acordo “após a Embraer não ter atendido as condições necessárias”.

G1 entrou em contato com a Embraer por volta das 10h deste sábado, mas a companhia brasileira não se manifestou até a última atualização desta reportagem.

Mercado

O cancelamento ocorre em meio aos impactos causados pelo coronavírus no mercado de aviação. A queda nas ações da Embraer e preocupações com dinheiro na Boeing, impulsionadas pelo impacto do coronavírus nas viagens aéreas, foram um golpe para a transação nos últimos dias.

As ações da terceira maior fabricante de aviões do mundo chegou a cair dois terços desde que o acordo foi divulgado em 2018, segundo dados da Refinitiv. A esse preço, a Boeing assumiria o controle da unidade comercial da Embraer, mas somente após pagar três vezes o valor de toda a empresa.

A Boeing se ofereceu para pagar US$ 4,2 bilhões em dinheiro por 80% da unidade comercial da Embraer, que fabrica jatos no segmento de 70 a 150 assentos e concorre com o programa A220, recentemente adquirido pela Airbus.

Parceria entre Boeing e Embraer prevê a criação de joint ventures de aviação comercial e defesa. — Foto: Claudia Ferreira / G1
Parceria entre Boeing e Embraer prevê a criação de joint ventures de aviação comercial e defesa. — Foto: Claudia Ferreira / G1

Transporte militar

Já a outra transação, prevê que Embraer e Boeing criem uma joint venture (nova empresa) voltada à produção da aeronave KC-390, de transporte militar. Esse cargueiro é o maior modelo produzido no Brasil, atualmente. Segundo o comunicado da Boeing, essa negociação segue mantida.

Fonte: G1