Grupo que atua há cinco anos no Rio de Janeiro, o Ronda Urbana de Amigos Solidários (RUAS) espalhou pela cidade pontos de distribuição de produtos de higiene, água e alimentação para pessoas em situação de rua.
A campanha também incentiva vizinhos das ‘caixas’ a doar e a mantê-las cheias, como forma de conter o novo coronavírus. Limpeza constante das mãos é a principal forma de barrar o contágio. A iniciativa já chegou a São Paulo e ao Espírito Santo.
“Tudo foi pensado para engajar a sociedade civil nesse momento de pandemia. Nós fazíamos atividades de rodas de conversa com as pessoas em situação de rua em quatro bairros da Zona Sul do Rio e tivemos que adaptar a nossa atuação. A gente entendeu que a demanda era muito maior do que esses quatro bairros. Por isso pensamos numa campanha que pudesse abraçar essa necessidade”, explica Larissa Montel, gestora do RUAS.
A dinâmica da campanha #PopRuaEuMeImporto é simples: a pessoa interessada em ajudar cria um ponto de distribuição perto da sua casa e registra no site criado especialmente para divulgação dessas ações.
A partir de então, o ponto fica mapeado, e outras pessoas passam a poder contribuir com ele, seja na reposição dos materiais para doação ou até mesmo se inspirar para criar outro. Além disso, cartilhas com informações de conscientização ficam disponíveis para combater o coronavírus.
“Qualquer pessoa em situação de rua pode pegar o que precisar e seguir em frente. A ideia não é fazer quem está em casa ir para a rua. Mas a ideia é engajar a sociedade para que, juntos, a gente possa fornecer o mínimo para o máximo de pessoas que a gente conseguir”, completa Larissa.
Rede de apoio
Para o estudante de direito de 26 anos Pedro Simões, a iniciativa da campanha serviu para criar novos hábitos em sua rotina em meio à pandemia. E a oportunidade de ajudar, cada vez mais.
“Vou todo dia ver como está o ponto que eu criei aqui perto de casa e se precisa de uma reposição. O interessante é que ele começa a engajar as pessoas ao redor, de um modo geral. O porteiro do meu prédio me fala mais ou menos quem são as pessoas que passam pelo ponto, quem pega algo ou deixa”, conta Pedro, que é morador de Botafogo, na Zona Sul da cidade.
“Nas últimas semanas, as pessoas que me conhecem aqui por perto vêm me perguntar querendo saber como é possível ajudar de alguma forma. Sem contar os elogios e as palavras de incentivo. É uma oportunidade incrível de fazer o bem. O melhor disso tudo é poder prestar mais atenção nas pessoas que estão na rua. Não é só uma questão de ajudar, mas olhar o outro. O RUAS me dá essa oportunidade”, completa.
Já para a bióloga Danielle Trindade Machado, de 37 anos, o desafio já começou na confecção do próprio ponto. “Foi um desafio criar o ponto com o comércio fechado, já que precisava confeccionar a caixa de doação. Mas também foi uma oportunidade para a criatividade na construção de um ponto de doação com material reciclado e itens esquecidos no canto de nossa estante”, relembra.
E, mais do que ajudar o próximo, é uma oportunidade de ter os amigos participando com o mesmo ideal, mesmo com o distanciamento social.
“Atualmente, faço o abastecimento do ponto em dias alternados, incluindo alimentos embalados, água e itens de higiene. E vez ou outra, dou a volta pelo bairro para avisar a população de rua local, sobre o ponto. Hoje, percebo que outras pessoas estão contribuindo no ponto com doações. Além disso, também estou recebendo ajuda de amigos nas compras para abastecer o ponto. Toda essa mobilização para o bem nos faz acreditar que juntos, podemos superar essa fase difícil, que abala todo o mundo.”
Fonte: G1