Jornal Povo

RJ entrega só 1 de 9 hospitais de campanha no prazo, com 2,2% do total de leitos prometidos

promessa do governador do Rio, Wilson Witzel (PSC), de entregar até esta quinta-feira (30) 1.800 leitos, espalhados em nove hospitais de campanha, não foi cumprida. Até agora, o único que está funcionando foi construído pela rede privada no Leblon – e ainda com só 42 dos 200 leitos prometidos em operação.

As vagas foram anunciadas para desafogar os casos de coronavírus na rede de saúde. Até esta sexta (1º), quando os quase dois mil leitos já deveriam estar disponíveis, o estado tinha mais de mil pacientes com coronavírus necessitando de uma vaga em UTI ou enfermaria – 361 em estado grave.

Médicos relatam que, pela falta de respiradores, precisam escolher qual paciente vai sobreviver. Na quarta-feira (29), a Globonews mostrou que o estado só recebeu 52 dos mil respiradores que serão usados para pacientes em estado grave.

Construído pela Rede D’Or em 19 dias, o Hospital de Campanha Lagoa-Barra é o único aberto e foi inaugurado no sábado (25). A equipe de reportagem questionou porque, apesar da promessa feita pelo governador, as demais vagas não estão abertas. Até a publicação, não houve resposta.

Em nota, a Secretaria Estadual de Saúde informou que os 1,8 mil leitos prometidos serão “disponibilizados de forma gradativa ao longo do mês de maio”.

Promessa

Governador do RJ: isolamento está mantido, mas Crivella quer ...
Witzel prometeu hospitais de campanha até 30 de abril

A promessa dos oito hospitais foi feita em entrevista coletiva em 30 de março, como é possível ver no vídeo acima, e reforçada em um comunicado enviado à imprensa naquela data.

“Nós estamos abrindo oito hospitais de campanha, totalizando mil e oitocentos leitos. Cada um terá 200 leitos, exceto Maracanã, sendo 40 de UTI (…). As unidades serão inauguradas até 30 de abril.”.

Na ocasião, Witzel enumerou as seguintes unidades:

  1. Maracanã
  2. Jacarepaguá
  3. Leblon
  4. Duque de Caxias
  5. São Gonçalo
  6. Campos
  7. Casemiro de Abreu
  8. Gericinó

No início deste mês, o governo chegou a prometer a nona inauguração até abril: em Nova Friburgo, com 100 vagas, mas o hospital de campanha também não foi entregue ainda.

Obras sob suspeita

Há duas semanas, o G1 mostrou que a aquisição dos hospitais de campanha têm uma série de indícios de irregularidades, como proposta plagiada e concorrente fantasma.

A vencedora, que é proibida de contratar com a prefeitura por irregularidades, vai construir seis hospitais. Após a reportagem, o governador determinou a investigação.

Dias após prometer as oito unidades, o governo do estado disse ainda que construiria uma unidade em Nova Friburgo e uma estrutura modular em Nova Iguaçu. Ambas também não estão abertas, com previsão de inauguração na segunda semana de maio.

A equipe de reportagem entrou em contato com o governo questionando o porquê do atraso e solicitando um cronograma de inaugurações, mas a resposta foi dada pela pasta de Saúde. A programação completa não foi enviada.

A nota diz ainda que o planejamento dos hospitais foi “baseado em análise técnica, além da viabilidade de localização, e que os pacientes serão encaminhados para essas unidades via Central Estadual de Regulação”. A Saúde afirma ainda que já abriu 724 leitos para pacientes de Covid-19.

Paralelamente, a Prefeitura do Rio também construiu um hospital de campanha. A unidade fica no Riocentro e será aberta nesta sexta.

Também serão entregues um hospital na Fiocruz, do governo federal, e outros dois em Niterói e Caxias, bancados pelas prefeituras.

Alta em hospital de campanha

Um paciente internado no hospital de campanha do Leblon recebeu alta nesta quinta-feira (30) apenas três dias depois da unidade receber os primeiros pacientes para tratamento exclusivo da Covid-19.

Osmar contou que teve os primeiros sintomas da doença há duas semanas e chegou a ficar internado durante 4 dias na UPA da Penha, Zona Norte, antes de ser transferido para o hospital de campanha.

Na saída, muita comemoração e agradecimento aos que cuidaram dele nos dois locais. Os profissionais de saúde estavam emocionados.

“Foram dias tenebrosos para mim e para as pessoas próximas a mim também, familiares, amigos. Hoje, graças a Deus, eu tô recebendo alta. Agradeço muito o empenho e o esforço de cada um de vocês, o trabalho que vocês tiveram, a dedicação que vocês tiveram comigo e eu vejo a correria de vocês nos corredores. Na UPA da Penha eu tive oportunidade de ver pessoas maravilhosas trabalhando, se doando. Um material humano espetacular, assim como o de vocês aqui também é espetacular.”

Fonte: G1