O ministro da Educação Abraham Weintraub negou nesta quarta-feira (29) que seja racista. Ele é alvo de um inquérito autorizado pelo ministro Celso de Mello, do Supremo Tribunal Federal, para apurar o crime.
Em abril, Weintraub fez uma publicação na internet em que insinua que a China poderia se beneficiar, de propósito, da crise provocada pelo novo coronavírus. A Embaixada da China no Brasil exigiu um pedido de desculpas.
Hoje, em uma entrevista ao canal da professora Paula Marisa, apoiadora bolsonarista, o ministro afirmou fez amigos chineses em um MBA no exterior.
“Eu fui o único ocidental que eu fiquei tão próximo deles, tão amigo, que eles fizeram uma homenagem. O Abraham é tão legal que a gente vai dar um nome em mandarim e eles se reuniram e escolheram”, afirmou, mostrando um carimbo que ganhou de presente com seu nome no alfabeto do país.
“Eu fui verificar se não estava escrito ‘babaca de óculos’ porque eu bagunçava muito com eles, mais do que Cebolinha”, disse, em referência justamente ao tweet que lhe rendeu o inquérito sobre racismo.
A insinuação foi feita trocando a letra R pelo L, na linguagem característica do personagem Cebolinha da Turma da Mônica — considerada também uma forma jocosa de se referir à dificuldades dos chineses em reproduzir a fonética de idiomas ocidentais.
Na transmissão de hoje Weintraub também disse que seu histórico familiar é uma mistura de gente “escura e clara”. “Minha pele é muito escura”, disse.
Ano letivo
Na live, Weintraub reafirmou que o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) acontecerá neste ano e todo o calendário será mantido sem atraso. O ministro disse que trabalha para manter todas as datas possíveis, baseado, segundo ele, no fim próximo do isolamento. “Desde que o PT saiu do poder, eles tentam acabar com o Enem todo ano. Se você acaba com o Enem, você acaba com a expectativa de 5 milhões de jovens. É uma maldade, um terrorismo. Vai ter Enem em novembro, depois da eleição.” A prova está marcada para os dias 1 e 8 de novembro.
O ministro diz ainda que a área técnica do MEC segue os planos de implantação do Enem digital. De acordo com ele, o coronavírus não atrasou os planos e há margem para a realização do teste. Outro problema levantado foi o baixo número de pedidos de isenção de taxa no Enem 2020. Neste ano, 3,3 milhões de pessoas solicitaram a isenção da taxa, mas, segundo Weintraub, o ministério trabalha com uma autorização de ofício para que pessoas prejudicadas pelo fechamento de escolas consigam a isenção, apesar do fim do prazo. Sobre a outra etapa prevista para o Sisu em 2020, Abraham Weintraub disse que não vê problemas para o cumprimento do edital e que logo tudo estará normal.
Na visão do ministro, o ano letivo deverá ser cumprido ainda que por aulas remotas. “A gente flexibilizou os 200 dias de aula. Você apenas precisa dar as matérias. Se a gente passar o ano inteiro preso, a gente vai perder o ano. Não estou vendo a epidemia decolar nos outros países. Aqui no Brasil também, ela não veio com esse boom todo”, comentou Weintraub.
O ministro da Educação ainda pontou outro foco de trabalho no MEC: a merenda escolar.
Segundo ele, mesmo antes do isolamento social atingir grande parte do Brasil, já havia planos de repasses para a compra e distribuição de merenda. “A minha preocupação maior é que tem criança passando fome. Mais de 40 mil crianças em escolas públicas”, afirmou. Weintraub ainda criticou a ação de governadores e secretários estaduais de educação na entrega de merendas. “É aquela coisa, o governo federal pode muito, mas não pode tudo. A prova disso é o que o STF tá fazendo. O que eu posso fazer é soltar dinheiro e facilitar as formas distribuição da merenda – quentinhas, em forma de dinheiro ou entregar os alimentos pros pais. Esse dinheiro não é dado, é dinheiro do povo que tá voltando para as nossas crianças. Os governadores têm a obrigação de fazer isso. A gente encaminhou para a forma de dinheiro, mas o Congresso não autorizou.”
Fonte: CNN