Paternidade, renovação e a grande cicatriz: “novo” Frazan prepara recomeço no Fluminense

Os marcos e as marcas de Frazan. Depois de realizar o sonho de ser pai, passar a receber mais chances de jogar, marcar seu primeiro gol como profissional e terminar 2019 com sondagens de clubes europeus, 2020 não começou do jeito que o zagueiro de 23 anos imaginava. Ainda na pré-temporada, sofreu uma grave lesão e rompeu o ligamento anterior cruzado do joelho direito. A cirurgia deixou uma enorme cicatriz e um trauma para ser superado:

– No início eu achava meio estranho, pelo tamanho dela. Não gostava nem de mostrar para ninguém, tentava esconder ela ao máximo (risos). Mas depois fui aceitando. É uma marca que vou carregar para sempre – disse o zagueiro, que recentemente postou uma foto no Instagram onde aparece a marca.

O trauma foi superado, assim como o receio psicológico da lesão, ele garante. Frazan revelou que seu tratamento está adiantado, e o momento de recomeçar está cada vez mais próximo. O departamento médico do clube não divulga prazo, mas a previsão interna é entre julho e agosto. Se a paralisação do futebol pela pandemia do coronavírus é maléfica aos jogadores em geral, em termos de condicionamento físico, para o zagueiro pode significar uma nova chance em 2020:

– Isso me anima bastante. Por causa dessa parada talvez dê para pegar boa parte do Campeonato Brasileiro. Se tudo ocorrer do jeito que estão pensando, certinho, acho que dá, sim. Mas sem criar muita expectativa, vamos dar tempo ao tempo.

Em entrevista exclusiva ao GloboEsporte.com antes de terminar as férias, o pai do pequeno Nicolas, de oito meses, contou como tem sido “marcar” o filho em sua primeira experiência; contou sobre sua rotina na quarentena e no tratamento; revelou que mantinha contato com o técnico Odair Hellmann mesmo no departamento médico; projetou a forte concorrência que terá na zaga ao voltar e falou pela primeira vez sobre a sua renovação com o Fluminense até o fim de 2022:

– Eu já tinha tomado essa decisão de renovar (antes da lesão) em vez de ir lá para fora porque eu quero ganhar um título de expressão aqui com o Fluminense, colocar meu nome na história.

Confira a entrevista completa:

Globoesporte.com: Como está sendo a quarentena? O que tem feito para passar o tempo?

Frazan: – Essa quarentena está bem complicada para todo o mundo. Infelizmente estamos passando por isso, e a única solução de momento é ficar em casa. Torço para que isso tudo logo acabe. Procuro jogar vídeo game, ver série no Netflix e brincar com o meu filho. É o que tenho feito para passar o tempo.

Por outro lado tem mais tempo para ficar com a família. Como está a paternidade? É como você imaginava? E o Nicolas é quietinho ou bagunceiro?

– Sempre sonhei em ser pai. Sempre tive essa vontade porque eu gosto muito de criança. E está sendo uma experiência incrível, melhor do que eu imaginava. E o Nicolas não para, está mais difícil que os atacantes (risos). Está difícil parar ele, é bagunceiro para caramba.

E a recuperação da lesão, em que nível está atualmente? E como tem sido o tratamento?

– Minha recuperação está bem avançada. Já estou na parte da musculação, fazendo fortalecimento. Estou indo ao CT segunda, quarta e sexta, tudo certinho: de máscara, álcool em gel, só vai eu, um fisioterapeuta e um médico. Estou evoluindo bem, já já estou de volta.

Em uma foto que publicou no Instagram aparece a grande cicatriz que ficou no seu joelho. Te assusta quando você olha? Como tem lidado psicologicamente com isso?

– No início eu achava meio estranho, pelo tamanho dela. Não gostava nem de mostrar para ninguém, tentava esconder ela ao máximo (risos). Mas depois fui aceitando. É uma marca que vou carregar para sempre, então fico de boa. E psicologicamente passou o susto. No início, quando descobri que iria ter que operar, fiquei bem abalado. Ainda mais por ter sido no início da temporada, perdi a pré-temporada toda, só vou voltar para o final do ano…

– Me abalou um pouco, fiquei até uma semana sem me alimentar direito, trancado no quarto deitado. Mas depois assimilei, falei que era isso mesmo, ia ter que acontecer, e agora é recuperar bem. Fazer o procedimento todo certinho para voltar melhor que antes.

A lesão aconteceu em um treino, né? Você lembra exatamente como foi? Consegue contar?

– Foi no terceiro dia de treinamento com bola. Foi uma dividida forte, o joelho do meu companheiro acabou pegando no meu, na parte de dentro, meu pé estava preso no chão… Foi uma pancada muito forte, meu joelho foi para o lado e voltou, já caí gritando de dor.

Em algum momento chegou a temer pela carreira? A pensar que não conseguiria voltar?

– Ah, quando você tem uma lesão muito grave assim pensa várias coisas. Passam várias coisas pela sua cabeça. Lógico, você pensa se vai conseguir voltar como era antes, fazer as coisas como antes, mas os fisioterapeutas conversaram comigo. O médico também me tranquilizou bastante, falou para ter calma, que vou voltar ainda melhor. Só fazer as coisas certinhas, dar tempo ao tempo, que vai dar tudo certo.

Por falar em voltar, com o atraso das competições causado pela pandemia, te anima a chance de voltar a tempo de jogar grande parte do Brasileiro?

– Isso me anima bastante. Por causa dessa parada talvez dê para pegar boa parte do Campeonato Brasileiro. Se tudo ocorrer do jeito que estão pensando, certinho, acho que dá, sim. Mas sem criar muita expectativa, vamos dar tempo ao tempo. Se Deus quiser, vai dar tudo certo, e eu consiga voltar e jogar.

Você se lesionou justamente em um momento em que a zaga do Fluminense vive grande fase. Luccas Claro e Digão começaram bem o ano, e o Nino e o Matheus Ferraz assumiram a titularidade antes da paralisação. O que tem achado de seus companheiros? Já pensou na concorrência pesada que terá para recuperar seu espaço?

– São excelentes jogadores, quatro zagueiros de alto nível. Para recuperar meu espaço vai ser difícil, mas nunca foi fácil. Tem hora que tem que esperar, ter paciência, quando a oportunidade chegar procurar fazer meu melhor, como sempre fiz.

E o Odair? Nem deu tempo direito de você conhecer o trabalho do treinador, né? Você chegou a falar com ele depois da lesão? Se sim, o que ele te falou?

– O Odair é um treinador excepcional e uma pessoa de coração enorme. Sempre ia lá na fisioterapia falar comigo, passar força, falar para ter calma, que tudo ia dar certo e eu ia voltar ainda melhor. Ele é um cara de um coração enorme.

Antes da pandemia você renovou o seu contrato com o Fluminense. O que representou para você essa renovação justamente após uma grave lesão?

– Eu fiquei muito feliz em poder renovar meu contrato por mais dois anos com o Fluminense. É o clube onde estou desde os 16 anos, criei um carinho muito grande. Um clube que me formou como homem e jogador. Eu só tenho a agradecer a eles por tudo e por confiar no meu trabalho.

Desde o ano passado você vinha recebendo sondagens de clubes da Europa, e seu empresário estava em conversa com um time da Turquia. Se você quisesse, poderia já assinar pré-contrato em julho, mas preferiu renovar com o Fluminense. O que te fez querer ficar? E você já tinha tomado essa decisão antes da lesão?

– O meu empresário sabe do meu carinho pelo Fluminense. Sabe que a prioridade é sempre o Fluminense, sempre ouvir eles primeiro. Eu já tinha tomado essa decisão de renovar em vez de ir lá para fora porque eu quero ganhar um título de expressão aqui com o Fluminense, colocar meu nome na história. Quero jogar uma Libertadores, um Brasileiro, uma Sul-Americana… Isso vai ser muito importante para a minha carreira.

Fonte: GloboEsporte