Jornal Povo

Advogado que acompanhou Flávio Bolsonaro admite reunião na casa de Paulo Marinho em 2018

RIO — Os advogados de Victor Granado Alves admitiram nesta terça-feira que ele foi a uma reunião com o senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ) na casa do empresário Paulo Marinho em dezembro de 2018. Na reunião, segundo Marinho, Flávio contou sobre o vazamento de informações de um delegado da Polícia Federal sobre Fabrício Queiroz dois meses antes.

No domingo, Flávio tinha soltado nota informando apenas que o empresário lhe causava “pena” e que “sobre as estórias, não passam de invenção de alguém desesperado e sem votos”. Paulo Marinho vai prestar depoimento nesta quarta-feira à Polícia Federal do Rio.

“Vitor Granado esteve presente em reunião na residência do empresário Paulo Marinho na qualidade de advogado do então deputado estadual e senador eleito Flávio Bolsonaro, razão pela qual está impedido de comentar os fatos lá debatidos por força da relação profissional e do sigilo inerente ao exercício da advocacia”, informou a nota dos advogados Gustavo Teixeira e Rafaell Kullmann, que representam Victor Granado Alves.

Alves assessorou Flávio na Alerj entre fevereiro de 2017 e fevereiro de 2019. Depois disso, foi lotado na liderança do PSL, quando Flávio era presidente do partido no Rio, mas com a saída do senador do PSL, Alves também perdeu o cargo.

Eleito senador com mais de 4 milhões de votos, Flávio Bolsonaro é investigado pelo Ministério Público pela prática de “rachadinha”, ato de embolsar parte do salário de assessores. Fabrício Queiroz é ex-assessor parlamentar do senador. Flávio nega irregularidades Foto: Daniel Marenco / Agência O Globo 18/09/2018
Eleito senador com mais de 4 milhões de votos, Flávio Bolsonaro é investigado pelo Ministério Público pela prática de “rachadinha”, ato de embolsar parte do salário de assessores. Fabrício Queiroz é ex-assessor parlamentar do senador. Flávio nega irregularidades Foto: Daniel Marenco / Agência O Globo 18/09/2018

Ele é investigado junto com Flávio e Queiroz pelo Ministério Público do Rio no procedimento que apura peculato, lavagem de dinheiro e organização criminosa no âmbito do gabinete devido à “rachadinha”, prática de devolução dos salários de servidores. Alves como Flávio e Queiroz também teve o sigilo bancário e fiscal quebrado pelo TJ do Rio em abril do ano passado.

Além dele, sua mulher, Mariana Granado também consta como assessora de Flávio no Senado desde março do ano passado. O salário dela é de R$ 22,9 mil.

Segundo o jornal Folha de S. Paulo, o PSL nacional, antigo partido de Flávio, contratou em fevereiro de 2019 um escritório de advocacia de Victor Granado Alves e, ao longo de 13 meses, pagou cerca de R$ 500 mil por um trabalho de regularização dos diretórios municipais do estado do Rio de Janeiro. A contratação teria ocorrido por indicação de Flávio.

Em nota, a defesa de alves também nega irregularidades na sua relação com Flávio Bolsonaro e aponta que ele exerceu serviços advocatícios para o PSL. Disse ainda que foi alvo de quebra de sigilo apenas pelo fato de ser assessor parlamentar de Flávio. “Todos os quase cem assessores parlamentares que trabalharam no gabinete do então deputado estadual Flavio Bolsonaro tiveram seus sigilos quebrados por dez anos, independentemente de qualquer fundamentação individualizada, pelo simples fato de serem assessores daquele gabinete”, afirma a nota da defesa.

Depoimento de Marinho

O empresário Paulo Marinho foi intimado para prestar depoimento nesta quarta-feira na Superintendência da Polícia Federal do Rio em um novo procedimento de investigação instaurado para apurar eventual participação de servidores no vazamento de informações sobre a Operação Furna da Onça.

Segundo o empresário, em relato publicado pela “Folha” no último domingo, Flávio foi informado por um delegado da Polícia Federal, entre o primeiro e o segundo turnos da eleição de 2018, que seria deflagrada a Operação Furna da Onça, que continha um relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) que mostrava a movimentação atípica de R$ 1,2 milhão na conta de Fabrício Queiroz, então assessor do Flávio.

Esse delegado sugeriu que Queiroz e a filha fossem exonerados, o que ocorreu em 16 de outubro de 2018. Por causa desse relatório, Queiroz passou a ser investigado por operar um esquema de “rachadinha” no gabinete de Flávio na Alerj.

Segundo o relato de Paulo Marinho, foi o próprio senador que o procurou para contar sobre o episódio do vazamento depois que o caso veio à tona em dezembro de 2018. Foi nessa ocasião, que Flávio estava acompanhado de Alves.

No domingo, Flávio Bolsonaro disse que “o desespero de Paulo Marinho causa um pouco de pena. Preferiu virar as costas a quem lhe estendeu a mão. Trocou a família Bolsonaro por Dória e Witzel, parece ter sido tomado pela ambição. É fácil entender esse tipo de ataque ao lembrar que ele, Paulo Marinho, tem interesse em me prejudicar, já que seria meu substituto no Senado”.

O senador disse ainda que “e por que somente agora inventa isso, às vésperas das eleições municipais em que ele se coloca como pré-candidato do PSDB à Prefeitura do Rio, e não à época em que ele diz terem acontecido os fatos, dois anos atrás. Sobre as estórias, não passam de invenção de alguém desesperado e sem votos.”

Fonte: O Globo