Os militares da ativa estão preocupados com a militarização do Ministério da Saúde e temem um desgaste para as Forças Armadas, principalmente se forem adotadas medidas que depois se mostrem equivocadas e gerem prejuízos para a população.
Segundo interlocutores dos militares, eles não podem, por uma questão de hierarquia, recusar a convocação que está sendo feita pelo Palácio do Planalto para reforçar a equipe do Ministério da Saúde. Apenas nesta terça-feira (19), foram nomeados nove militares para postos na pasta.
O problema, alertam, é o presidente Jair Bolsonaro. Depois de tentativas frustradas para fazer valer sua posição no combate ao coronavírus nas gestões de Luiz Henrique Mandetta e Nelson Teich, o presidente pode aproveitar o momento atual para adotar as medidas de sua preferência.
O uso da cloroquina é citado como exemplo nas conversas de militares com seus interlocutores. Segundo eles, a aplicação do medicamento em massa é polêmica e não tem a aprovação dos especialistas da área da saúde, mas o presidente parece decidido a mudar o protocolo atual e autorizar seu uso desde os primeiros sintomas de covid-19.
A depender da forma que o novo protocolo for publicado, há o risco de, no curto prazo, o uso da cloroquina começar a provocar mais mortes em pessoas contaminadas. Aí, a responsabilidade será atribuída não só ao presidente, mas também aos militares que por ventura tenham cedido às pressões do Palácio do Planalto.
Por isso, a recomendação nos bastidores que tem sido feita ao general Eduardo Pazuello, interinamente à frente do Ministério da Saúde, é que ele não aceite uma liberação da cloroquina sem os devidos cuidados médicos na prescrição do medicamento.
Fonte: G1 Por Valdo Cruz