Jornal Povo

‘Vamos ter que suavizar a queda’ e eliminar gradativamente o auxílio emergencial, diz Guedes

BRASÍLIA — O ministro da Economia, Paulo Guedes, disse nesta terça-feira que o governo vai “suavizar a queda” e eliminar gradativamente o auxílio emergencial de R$ 600. Até agora, está previsto o pagamento desse benefício por apenas três meses, sem interrupção gradual.

O ministro fez as declarações em reunião fechada com representantes do setor de serviços.

“Vamos tornar mais robusto e focalizado os programas sociais. Vamos agora jogar mais R$ 600 aí. Agora, quando acabar esse prazo, em vez de tirar de uma vez só, vamos fazer um phase out (eliminação em fases). Não é que nós vamos prorrogar, porque não temos fôlego financeiro para fazer a gastança que está aí, mas vamos ter que suavizar a queda. Em vez de cair tudo de uma vez, nós vamos descer mais devagar um pouco pouco”, disse Guedes.

Essa é a primeira vez que o titular do Ministério da Economia fala em pagar o auxílio emergencial por mais tempo que os três meses até agora previstos.

Na semana passada, o secretário especial de Produtividade, Emprego e Competitividade do Ministério da Economia, Carlos da Costa, disse que o auxílio poderia ter “vindo para ficar”. No dia seguinte, a pasta divulgou nota negando essa possibilidade.

Até agora, o governo prevê gastar R$ 124 bilhões com o programa, em três meses. Há uma forte pressão, inclusive por integrantes do governo, para prorrogar o auxílio, como O GLOBO mostrou na semana passada.

Os técnicos resistem a estender o benefício porque ele custa mais de R$ 40 bilhões por mês. A explicação é que, por mais que haja autorização para gastar neste ano, é preciso ter cuidado para o país não perder credibilidade e passar a ter dificuldade para pagar a conta da crise no futuro.

O governo também avalia revisar, depois da pandemia, os programas de transferências de renda, sendo possível uma ampliação do Bolsa Família. Para isso, técnicos da equipe econômica estudam propor a revisão de benefícios considerados ineficientes, como o abono salarial e o seguro-defeso (pago a pescadores no período em que a pesca é proibida), como forma de compensação.

Fonte: O Globo