A Câmara de Vereadores de Itaguaí, na Região Metropolitana do Rio, publicou na página da Casa na internet um edital de notificação de um novo processo de impeachment contra o prefeito, Carlo Busatto Junior (MDB), o Charlinho, e o vice, Abeilard Goulart (sem partido), o Abeilardinho.
A postagem, no dia 13, foi a saída encontrada pelos vereadores porque, após 35 dias, servidores não conseguiram entregar-lhes o aviso em mãos.
O RJ1 também tentou, em vão, localizar Charlinho e Abeilardinho — e em diferentes endereços.
O edital deu 10 dias para defesa prévia dos dois — o prazo se esgota no fim de semana.
Prefeito e vice sofreram impeachment em março e foram afastados por nepotismo, mas uma decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) os reconduziu ao cargo.
A nova denúncia é de uma servidora da prefeitura. Ela afirma que houve irregularidades no contrato da coleta de lixo, com favorecimento à família do vice-prefeito.
Na cidade onde o prefeito e o vice desapareceram no meio da pandemia do coronavírus, 24 pessoas morreram, e 528 contraíram a Covid-19, segundo o balanço desta quarta (20).
A cidade não tem sequer um leito de UTI e a única UPA da cidade está fechada há quatros anos.
Charlinho não se manifesta
O RJ1 esteve em cinco endereços de Charlinho. Em duas ocasiões, o gabinete na prefeitura estava trancado.
O prefeito também não estava na casa e no sítio em Itaguaí nem em um apartamento na Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio. Ainda não houve resposta na casa em Mangaratiba.
O RJ1 teve acesso às contas de luz de casas de Charlinho. Em Itaguaí, não há consumo desde novembro do ano passado. Já no imóvel da Barra, a conta foi de mais de R$ 2 mil no mês passado.
Já Abeilardinho foi visto correndo em Itacuruçá, um distrito de Mangaratiba.
De acordo com a Lei Orgânica de Itaguaí, o prefeito e o vice têm que fixar residência no município — ou podem perder o mandato.
O que diz a nova denúncia
A sede da empresa contratada para a coleta de lixo fica perto do Centro da cidade. O terreno onde ficam os caminhos pertence à sogra do vice-prefeito, Neusa Helena Souza e Silva.
Um documento mostra que a Prefeitura de Itaguaí contratou a empresa Plural Serviços Técnicos em novembro de 2018, sem licitação.
A denúncia também pede a cassação do mandato do vereador Nisan Cesar Reis dos Santos (PTB). Ele é ex-secretário de Ordem Pública e Limpeza Urbana e participou do processo de contratação da Plural.
Ainda de acordo com a denúncia, Nisan ameaçou funcionários e diretores de outra empresa que pretendia participar da concorrência para direcionar o contrato para a Plural. O vereador negou as acusações.
A primeira denúncia
A primeira denúncia que levou ao impeachment de Charlinho e Abelair em março era de nepotismo e foi feita com base em reportagens feitas pelo RJTV.
Os vereadores de oposição consideraram ilegal a nomeação da esposa de Charlinho, Andrea Busatto, como secretária municipal de Educação e Cultura.
Já o vice-prefeito nomeou própria filha como secretária municipal de Esportes.
Mas não foram apenas estes dois cargos que foram ocupados por parentes do prefeito e vice. A denúncia de nepotismo cita mais de 60 nomes e afirma que somados, os salários deles passavam de R$ 500 mil por mês.
O que dizem os envolvidos
A prefeitura enviou uma nota em que afirma que “o prefeito e o vice estão trabalhando normalmente dentro de suas atribuições”.
“Na prefeitura, os mesmos não estão atendendo o público em geral, assim como a Câmara de Vereadores tem adotado a medida frente à epidemia do novo coronavírus”, prosseguiu.
“Charlinho tem se posicionado em vídeos que têm sido divulgados nas redes sociais”, emendou. “O prefeito está trabalhando para atender as demandas da cidade, e o foco está na luta contra a Covid-19.”
Fonte: G1