O empresário Paulo Marinho afirmou na tarde desta terça-feira ter apresentado à Polícia Federal (PF) “elementos materiais” que provam a denúncia feita por ele próprio contra o senador Flávio Bolsonaro, filho do presidente Jair Bolsonaro. De acordo com Marinho, o filho mais velho do presidente soube de uma operação do Ministério Público Federal (MPF) e da PF antes que ela acontecesse.
“Eu trouxe novos elementos para esse depoimento. Esses elementos foram juntados aos autos do processo, estão com os delegados. Eu tenho que trazer agora no dia 28 o meu celular para que ele seja periciado”, detalhou Marinho, na porta da Superintendência da PF, na Região Portuária do Rio.
Questionado, o empresário disse que não foi possível que a perícia no celular dele fosse feita nesta terça porque a polícia estava realizando outras operações. “Então eu me comprometi de trazer o meu celular para fazer a perícia no dia 28”, reforçou.
Marinho ainda reiterou que a motivação para denunciar Flávio Bolsonaro foi a memória do “saudoso amigo e irmão” Gustavo Bebianno – ex-ministro e “homem forte” durante a campanha eleitoral do presidente – e também a demissão do ex-ministro de Justiça e Segurança Pública Sérgio Moro.
“Eu não tenho mais nada a acrescentar na narrativa que eu dei desde o primeiro dia em que vim à Polícia Federal, depois ao Ministério Público e, agora, novamente, na Polícia Federal. Este capitulo para mim é pagina virada na minha vida”, afirmou Marinho.
O empresário também “alfinetou” o presidente e os filhos ao dizer que não tem inimigos e que não trabalha com o “gabinete do ódio” – estrutura supostamente ligada ao clã Bolsonaro para disseminar notíticas falsas contra inimigos políticos.
Sobre o sigilo sobre a investigação determinado pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Celso de Mello, Marinho tergiversou, dizendo que fez “questão” de não ficar com nenhuma cópia do documento para não ser, depois, acusado de vazamento de informações.
Furna da onça
A operação que Marinho afirma ter sido vazada para o senador Flávio Bolsonaro foi a Furna da Onça, que investigou denuncias de corrupção envolvendo deputados da Assembleia Legislativa do Rio (Alerj), empresas e o governo do estado do Rio.
A operação, desdobramento da Lava Jato no estado, prendeu parlamentares do estado em novembro de 2018.
Flávio não foi alvo da operação, mas, foi durante as investigações, que os investigadores chegaram ao nome de Fabrício Queiroz, suspeito de administrar um esquema de”rachadinha” no gabinete de Flávio Bolsonaro, segundo uma investigação do MP. O senador nega as acusações.
Fonte: G1