Jornal Povo

Manifestantes pedem saída de Sergio Camargo da Fundação Palmares

BRASÍLIA – Integrantes de entidades e organizações antifascistas realizaram uma manifestação na manhã desta sexta-feira em frente à sede da Fundação Palmares. Eles pediram a saída do presidente do órgão, Sergio Camargo, que chamou o movimento negro de “escória maldita” e ironizou o Dia Nacional da Consciência Negra.

– A nossa principal reivindicação é a retirada imediata de Sérgio Camargo da presidência da Fundação Cultural Palmares e de todas e todos como ele que possam ser colocados nessa cadeira –  afirmou a pastora Val Moraes, presidente da Aliança de Negras e Negros Evangélicos do Brasil.

Adna Santos, conhecida como Mãe Baiana de Oyá, também esteve presente na manifestação. Ela foi chamada de “macumbeira” e “miserável” por Camargo e o denunciou por injúria racial e discriminação religiosa.

  • A gente está aqui para dizer para esse senhor que nós somos o povo que o Brasil precisa e através desse povo aqui que o Brasil tem várias políticas públicas, e eles estão acabando com ela. Eu fiz a minha parte, fui na delegacia especializada, fiz a minha a queixa. Acredito nas autoridades do Brasil e a justiça vai ser feita – disse Mãe Baiana.
 Mãe Baiana de Oyá denunciou Sérgio Camargo por injúria racial e discriminação religiosa Foto: Washington Luiz - O Globo
Mãe Baiana de Oyá denunciou Sérgio Camargo por injúria racial e discriminação religiosa Foto: Washington Luiz – O Globo

Cerca de 90 pessoas participam do ato, segundo a Polícia Militar do Distrito Federal. De forma pacífica, os manifestantes também ecoarem gritos de “fora, Bolsonaro” e pediram justiça pelas mortes da ex-vereadora Marielle Franco e dos meninos João Pedro e Miguel Otávio. 

As reações contra Sergio Camargo se intensificaram nesta semana após a divulgação de um áudio uma reunião de 30 de abril em que ele xinga Zumbi dos Palmares, um dos símbolos do movimento negro. Na mesma gravação, o presidente da Palmares diz que “não vai ter nenhum centavo para macumbeiro”. O áudio do diálogo foi divulgado pelo jornal “O Estado de S.Paulo” .

A Defensoria Pública da União (DPU) entrou, na noite de quarta-feira, com um pedido de tutela provisória de urgência no Superior Tribunal de Justiça (STJ) para suspender a nomeação do jornalista. Também foi protocolado na Câmara dos Deputados, um pedido para que o Ministério Público Federal (MPF) instaure inquérito para investigar a fala de Camargo.

Seguindo o exemplo de outros representantes da sociedade civil, a Coalizão Negra por Direitos, que
reúne mais de 150 organizações e entidades negras e antiracistas tas pelo país, também entrou com uma representação  contra Camargo no  Ministério  Público Federal. A Coalizão pede que se ja aberto inquérito para apurar sua “sistêmica ação racista na condução da Fundação Cultural Palmares”.

O grupo solicita que se apurem as condutas de Camargo “atentando-se não só para os desvios de finalidade da Fundação na construção  e efetivação de políticas sociais étnicos – raciais voltadas para a garantia dos valores sociais, culturais, políticos e econômicos da comunidade negra, bem como seus atos de improbidade administrativa e condutas criminosas (racismo). 

Fonte: O Globo