Jornal Povo

Ônibus e BRTs circulam lotados mesmo com determinação para redução de passageiros

Morador da Freguesia, na Zona Oeste do Rio, o porteiro Álvaro Barbosa, de 32 anos, usa as linhas de ônibus municipais 348 ( Riocentro x Candelária) e 315 (Recreio x Central), para chegar até o trabalho, no Centro do Rio. Todos os dias, ao embarcar na altura da Cidade de Deus, encontra coletivos lotados e muita gente em pé. Para tentar evitar a contaminação pelo coronavírus, Álvaro faz o que pode: usa máscara e não dispensa o álcool em gel quando entra e sai da condução. Em tempos de pandemia, na cidade que já registrou 6.707 mortes por conta da Covid-19 e que vai abrir os shoppings no próximo dia 17, o transporte de pessoas como se fossem sardinhas em lata não é um problema pontual. Nesta segunda-feira, por exemplo, os coletivos do BRT da Transoeste podiam ser vistos circulando com excesso de passageiros, próximos à estação Mato Alto.

Para tentar garantir a validade do decreto do prefeito Marcelo Crivella, que baixou norma proibindo a circulação de ônibus com passageiros em pé para evitar a disseminação do novo coronavírus, fiscais da prefeitura do Rio e homens da Guarda Municipal até estiveram na estação. A presença deles pouco adiantou. Entre às 5h30 e às 8h, o que se viu no corredor expresso, que liga Santa Cruz ao Terminal Alvorada, foram coletivos abarrotados de gente e muito aperto. As filas podiam ser vistas nas plataformas de embarque, onde dezenas de pessoas aglomeradas aguardavam a chegada dos carros já com passageiros em pé, no sentido Alvorada. O único alento era a presença de um funcionário do consórcio BRT. Com um megafone nas mãos, ele oferecia máscaras para quem estava tentando embarcar.

Procurado para falar do problema da superlotação, o consórcio BRT informou que está operando com 100% de sua frota. E que o controle efetivo de acesso de passageiros aos ônibus cabe aos agentes públicos, já que controladores de estação e os motoristas não têm o poder de barrar passageiros que forçam a entrada nos ônibus, mesmo quando os assentos já estão ocupados. O consórcio afirmou ainda que seguirá com a distribuição de máscaras, que acontece desde o último dia 2, em suas estações de maior movimento. E que, com passageiros sentados, cada articulado levaria apenas 30% de sua capacidade de lotação.

Segundo dados divulgados neste domingo, já foram registrados 67.756 casos de Covid-19 em todo estado. De olho nas estatísticas da doença, e de uma possível queda, a prefeitura do Rio anunciou um plano de reabertura gradual, que está em vigor desde o último dia 2, e que prevê seis fases. A previsão é que cada fase tenha duração de 15 dias. Pelo planejado, bares e restaurantes irão reabrir dia 2 de julho. Já a previsão para funcionamento de pontos turísticos, assim mesmo com um terço de sua capacidade, é para o dia 17 de julho.

Procurado para falar sobre a superlotação dos ônibus municipais e do BRT, o município informou que “as ações de fiscalização e orientação da Secretaria Municipal de Transportes estão intensificadas, com fiscais atuando diariamente nos terminais e estações do BRT de maior demanda, inclusive, fazendo o controle de embarque dos passageiros”.

Confira a nota da SMTR na íntegra:

“As ações de fiscalização e orientação da Secretaria Municipal de Transportes estão intensificadas, com fiscais atuando diariamente nos terminais e estações do BRT de maior demanda, inclusive, fazendo o controle de embarque dos passageiros. O reforço faz parte das medidas da Prefeitura do Rio na primeira fase de retomada das atividades, tendo em vista o aumento gradual de usuários do sistema.

Somente nas ações da última sexta e desta segunda, 337 multas foram aplicadas ao BRT. Durante a pandemia, 839 autuações foram registradas por diferentes irregularidades, principalmente por lotação no BRT e em ônibus convencionais. As linhas 315 e 348 já foram alvo de fiscalização da secretaria e o consórcio responsável foi autuado por transportar passageiros em pé.

A SMTR, como reguladora do serviço, tem cobrado o BRT e os consórcios atuantes na cidade para que reduzam os intervalos entre os coletivos e reforcem a frota em locais onde há maior demanda, e vai cobrar que o BRT e os consórcios informem a frota diária de ônibus em circulação.

É importante que os consórcios tenham o entendimento que, com a retomada gradual das atividades, será necessário empenhar esforços para que a população não sofra com irregularidades nos serviços.

Como medida complementar às ações de fiscalização realizadas pela Secretaria Municipal de Transportes no sistema BRT, a Guarda Municipal orienta passageiros nas estações do sistema para evitar aglomeração e também para impedir que as pessoas sejam transportadas em pé nos ônibus desde o dia 22 de março. Durante o patrulhamento de rotina, os agentes também orientam passageiros sobre a importância da utilização do equipamento individual como forma de minimizar os riscos de transmissão e contaminação do novo coronavírus. Além disso, as equipes utilizam os carros para transmitir mensagens sonoras de conscientização, a fim de reduzir o risco de disseminação do vírus na cidade.”

Fonte: Jornal Extra