O italiano Alex Zanardi, que na sexta-feira sofreu um acidente gravíssimo enquanto participava de prova ciclística na Itália e luta pela vida em um hospital próximo a Siena, é um ícone de superação do esporte mundial. Ao longo de seus 53 anos de vida, ele se converteu em um raro exemplo de atleta bem-sucedido em diferentes palcos e modalidades.
Piloto de talento, entrou na Fórmula 1 em 1991, com 25 anos, e permaneceu na principal categoria do automobilismo internacional até 1994, retornando posteriormente em 1999. Disputou 44 corridas por Jordan, Minardi, Lotus e Williams e somou apenas um ponto, curiosamente no Grande Prêmio do Brasil, em Interlagos.
Na temporada de 1993, ele sofreu o primeiro de alguns acidentes graves de sua carreira esportiva. No GP da Bélgica daquele ano, Zanardi perdeu o controle do carro na velocíssima e perigosa curva Eau Rouge, que na época não tinha área de escape. A pancada no guard rail foi violentíssima, e o italiano teve uma forte concussão cerebral. Por sorte, não houve lesões mais sérias. De qualquer forma, o italiano não correu mais em 1993 e foi substituído pelo português Pedro Lamy.
Zanardi ainda chegou a disputar alguns GPs na temporada seguinte, em 1994, mas sem brilho. À procura de um renascimento no automobilismo, tentou lugar na Fórmula Indy. Fez testes em 1995, mas não conseguiu nenhuma vaga naquele ano. No ano subsequente, enfim obteve um lugar, na equipe Chip Ganassi. E brilhou.
O italiano somou três vitórias e terminou o campeonato na terceira posição. Nas temporadas 1997 e 1998 sagrou-se bicampeão da Indy (que naquela época mudou o nome para Champ Car), com 12 vitórias naquelas duas campanhas.
A boa campanha na América do Norte valeu uma nova passagem pela Fórmula 1 em 1999, pela Williams. Mas a aventura provou-se um fracasso. Zanardi abandonou dez das 16 corridas que disputou naquele ano, sem pontuar.
Em 2001, já de volta à Champ Car, o piloto sofreu um acidente brutal que quase tirou-lhe a vida e causou a amputação de suas pernas na prova de Lauzitsring, na Alemanha. Depois de se recuperar, passou a usar próteses e, em 2004, começou a disputar provas de turismo em seu país com um carro adaptado.
A carreira incrível de Zanardi ainda teria espaço para mais uma reviravolta. Ele se aventurou no ciclismo paralímpico e conseguiu alguns dos resultados mais expressivos de sua vida. Foram seis medalhas em Jogos Paralímpicos (das quais quatro de ouro, duas na Rio 2016) e 18 em Campeonatos Mundiais da modalidade.
Justamente em uma prova de ciclismo paralímpico ele sofreu o acidente terrível da sexta-feira. Com um histórico de superação tão grande, não há como duvidar da força de vontade do resiliente italiano.
Fonte: GloboEsporte