Jornal Povo

Reabertura de lojas no Rio leva cariocas às ruas, mas movimento é abaixo do esperado por comerciantes

No primeiro dia da terceira fase da retomada do comércio na cidade do Rio, a maioria dos estabelecimentos do Centro, da Zona Norte e da Zona Sul do Rio que abriram as portas neste sábado, com o aval da prefeitura, permaneceram sem aglomerações no interior das lojas, mas as ruas estavam agitadas, tanto na Saara, quanto em Copacabana.

O movimento na Saara, no Centro, foi menor do que o esperado pelos lojistas, o que não significa que as ruas não estavam cheias de consumidores. A maioria, de máscaras. Muitos carregavam suas garrafinhas de álcool. Em algumas lojas, filas foram organizadas para que os clientes aguardassem a sua vez de entrar. Foi o caso da loja de decoração Dora Presentes. Embora já esteja autorizada a funcionar desde a primeira fase, o estabelecimento recebeu mais clientes neste sábado.

— Deixamos entrar até 15 pessoas. As outras esperam lá fora. Mas é preciso que as pessoas também se conscientizem. Economicamente falando, quero que as pessoas venham à loja, mas que seja com segurança — afirmou o proprietário, Leonardo Pena.

A aposentada Maria Lopes Castro, de 67 anos, só saiu de casa hoje, três meses depois, para ir à Saara. Mesmo com o álcool sendo oferecido na entrada das lojas, Maria estava com suas duas garrafas.

— Tenho o vidrinho de álcool em gel e o de álcool liquido. Acho que se for com respeito às determinações, está tranquila a reabertura.

No Saara, nem todas as portas reabriram: muitos comércios faliram com a crise causada pela pandemia do novo coronavírus
No Saara, nem todas as portas reabriram: muitos comércios faliram com a crise causada pela pandemia do novo coronavírus Foto: Hermes de Paula

Mesmo com a flexibilização, muitas lojas não funcionaram. Algumas vão operar só na segunda. Outras quebraram durante a pandemia e fecharam as portas. O comerciante Alam Kalaoun, dono da loja de roupas Shazam, disse que o movimento na sua loja estava 40% menor do que num sábado normal. Ele relatou que comerciantes que estavam há 30 anos na Saara tiveram que entregar as chaves.

— Teve loja que fechou um dia após o início do decreto que determinou o fechamento do comercio. Tem loja que não vai voltar mais. Está sendo doloroso ver gente que tinha muitos anos de Saara quebrar — afirmou Alam, que, para ajudar um ambulante, colocou em sua loja máscaras de pano que ele vendia na rua.

Pela manhã, a equipe da Vigilância Sanitária fez uma fiscalização em alguns locais. Nesta primeira semana não haverá aplicação de multa. Os fiscais orientaram sobre as medidas de higiene que devem ser tomadas.

Na Zona Norte, os lojistas de Madureira e Piedade abriram as portas com produtos de higiene e álcool em gel para os clientes. Assim como na Saara, teve comerciante reclamando da antecipação sem aviso, pois foram pegos de surpresa. A movimentação de pessoas foi crescendo com o passar da manhã.

Sem tumulto em Copacabana

Em Copacabana, apesar da autorização para reabrir, o comércio ainda notou um movimento menor do que o esperado para um sábado. Denise Santos, gerente da loja de roupas Malhas Mil, acredita que o número de clientes será maior na segunda-feira.

— Estou estranhando hoje porque tem poucas pessoas na rua. Nem foi preciso colocar corda para organizar a entrada.

A loja fechou seus oito provadores. Mas o cliente pode voltar para trocar o produto.

— Se a roupa não couber, eles podem trocar. Nesse caso, a gente higieniza a roupa antes de colocar novamente para a venda — explicou.

Loja de roupas em Copacabana: comerciantes garantem que peças são higienizadas após o toque de clientes
Loja de roupas em Copacabana: comerciantes garantem que peças são higienizadas após o toque de clientes Foto: Hermes de Paula

No salão de beleza Werner Coiffeur, só puderam entrar clientes que fizeram agendamento.

— Já estávamos em contato com os clientes pelas mídias sociais. Alguns deles agendaram atendimento, mas é um número menor. Não tem cliente sentado perto do outro — contou um responsável pelo estabelecimento.

A professora Vera Lucia Perez, de 54 anos, aprovou a reabertura das atividades:

— Tinha que abrir mesmo. Não é todo mundo que está na rua. Está sendo bem controlado. Se não fizesse isso, essas pessoas iriam perder seus empregos — opinou.

Autorização para reabrir foi antecipada

A reabertura do comércio estava prevista anterirormente para o dia 2 de julho. O prefeito Marcelo Crivella justificou o adiantamento dada à queda, segundo ele, nos índices de contaminação da Covid-19. De acordo com Crivella, não há mais fila de espera por leitos na cidade.

Fonte: Jornal Extra