Jornal Povo

RJ tem 1,4 mil favelas dominadas por criminosos, aponta relatório

Um relatório da Polícia Civil sobre a violência no Rio, que o RJ2 teve acesso com exclusividade, mostra uma radiografia inédita da atuação das milícias e do tráfico de drogas. O levantamento encaminhado ao Ministério da Justiça e ao Supremo Tribunal Federal mostra que o crime organizado atua em 1.413 comunidades do Rio. O tráfico domina 81% desses territórios e a milícia está em 19% das favelas.

Facção de traficantes mais numerosa controla 828 favelas (59%), uma segunda está em 238 comunidades e uma terceira administra 69. Já a milícia está em 278 favelas. — Foto: Reprodução
Facção de traficantes mais numerosa controla 828 favelas (59%), uma segunda está em 238 comunidades e uma terceira administra 69. Já a milícia está em 278 favelas. — Foto: Reprodução

A facção de traficantes mais numerosa controla 828 favelas, uma segunda está em 238 comunidades e uma terceira administra 69. Já a milícia está em 278 favelas, mais que as outras duas quadrilhas de traficantes do Rio.

O mapa mostra uma guerra por territórios e todo tipo de negócio. Investigações recentes demonstram que milicianos também estão comercializando drogas em seus redutos. Por outro lado, traficantes de drogas estão praticando atividades típicas de milícia em suas áreas de domínio.

Veja alguns apontamentos do relatório:

  • Facção de traficantes mais numerosa controla 828 favelas;
  • Polícia estima que o Rio tenha 56.600 criminosos em liberdade;
  • 895 criminosos de altíssima periculosidade têm mandados de prisão em aberto;
  • Inquéritos apontam 9.762 de crimes relacionados à violência doméstica.

O relatório cita ainda reportagens que dão uma dimensão da violência provocada pelo crime nas comunidades. Uma fotografia mostra a ação de criminosos repartindo a carga roubada ao lado de uma creche, no Complexo da Maré.

Fotografia mostra a ação de criminosos repartindo a carga roubada ao lado de uma creche, no Complexo da Maré. — Foto: Reprodução
Fotografia mostra a ação de criminosos repartindo a carga roubada ao lado de uma creche, no Complexo da Maré. — Foto: Reprodução

O estudo diz que mais da metade dos homicídios investigados na capital, na Baixada Fluminense e na Região Metropolitana do Rio desde 2016 tem ligação com o crime organizado. A polícia estima que o Rio tenha 56.600 criminosos em liberdade, portando armas de fogo de grosso calibre.

Esse número é mais que todo o efetivo da Polícia Militar, que tem 44 mil PMs no Rio, sendo que apenas 22 mil trabalham na atividade fim, em patrulhas e operações de enfrentamento à violência.

O levantamento afirma ainda que o crime conta ainda com a colaboração de 51 mil presos ligados às facções. O número de bandidos soltos assusta: 895 criminosos de altíssima periculosidade têm mandados de prisão em aberto.

Levantamento mostra número de inquéritos que envolvem a violência no RJ — Foto: Reprodução
Levantamento mostra número de inquéritos que envolvem a violência no RJ — Foto: Reprodução

São chefes e integrantes da hierarquia de facções criminosas que utilizam as favelas como verdadeiros bunkers. Diante desse cenário, as investigações são intermináveis (veja os inquéritos abaixo):

  • 675 inquéritos policiais de associação ou organização criminosa;
  • 4.137 de estupro;
  • 830 de extorsão;
  • 5.522 de homicídio doloso;
  • 3.452 de roubos;
  • 2.200 de tráfico de drogas e associação para o tráfico;
  • 9.762 de crimes relacionados à violência doméstica

O documento traz ainda um parecer sobre a decisão do ministro Edson Facchin, do STF, que proibiu operações policiais durante a pandemia. O documento, assinado pelo delegado Felipe Curi, subsecretário de planejamento da Polícia Civil, alega que as investigações criminais no Rio serão prejudicadas se a decisão do ministro for mantida.

Fonte: G1