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PM faz operação ‘dentro do conceito de exclusividade’ na Praça Seca, após guerra entre tráfico e milícia

guerra entre traficantes e milicianos na Praça Seca, Zona Oeste do Rio, desde a noite desta terça-feira até a madrugada desta quarta, não contou com uma operação da Polícia Militar. Em cumprimento de uma determinação do Supremo Tribunal Federal (STF), a corporação só realiza operações apenas em casos excepcionais. O porta-voz da Polícia Militar, coronel Mauro Fliess, afirmou que, “dentro do conceito de exclusividade”, montou uma ação para ocupar a localidade, formada por várias comunidades, nesta manhã.

“A PM segue cumprindo a determinação do STF, com relação a incursão de áreas conflagradas, apenas em casos excepcionais. Tão logo tomamos conhecimento desse confronto entre grupos criminosos, houve um reforço (do patrulhamento) ainda durante a madrugada na área que cerca essas comunidades. Enquanto isso, há dados de inteligência e um planejamento meticuloso por conta da periculosidade da área, do grande número de pessoas armadas e dessa proximidade de área de mata. Então, estamos montando uma operação dentro desse conceito de exclusividade para ocupar esse local”, disse Fliess em entrevista ao “Bom Dia Rio”, da TV Globo.

O coronel afirmou que a PM não consegue estar presencialmente e atuar em todas as comunidades do Rio ao mesmo tempo. Fliess disse que a corporação trabalha para diminuir o índice de violência e até citou que as ações estão “enxugando gelo para sala não ficar alagada”.

“Já ouvi algumas vezes dizendo que seria uma operação de enxugar gelo. De fato, não temos capacidade de permanecer em 1.413 comunidades ao mesmo tempo. De fato, a nossa presença serve para prender criminosos, retirar armas de circulação e pode causar essa impressão de enxugar gelo. Mas o que temos visto nos últimos dias é que se não enxugar gelo, a sala fica alagada. Então, precisamos de ações da Polícia Militar prendendo criminosos, retirando armas de circulação”, afirmou.

Comunidades da Praça Seca
Comunidades da Praça Seca Foto: Editoria de Arte Extra

Fliess destacou que é importante que as operações em comunidades continuem acontecendo mesmo durante a pandemia, principalmente para retirar armamento pesado das favelas.

“Nos 150 primeiros dias do ano, sem a decisão do ministro Fachin, aprendemos 152 fuzis, ou seja, média de 1 fuzil por dia, o que me permite afirmar que esse período agora de mais de 30 dias sem operação, ele coloca mais de 30 fuzis que deixaram de ser apreendidos. É um esforço conjunto. Não produzimos armas importadas aqui no Rio de Janeiro. Esses fuzis, cerca de 96% são de procedência internacional. São fuzis que chegam aqui de maneira ilegal pelas nossas fronteiras”, falou.

De acordo com a Assessoria de Imprensa da Secretaria de Estado de Polícia Militar, até o fim da manhã foram apreendidos “um fuzil, duas pistolas, duas granadas, roupas camufladas e cadernos de anotações, além de três indivíduos feridos”. Nesta quarta-feira, atuam nas comunidades da Praça Seca e do Tanque o 18ºBPM (Jacarepaguá) e batalhões subordinados ao 2º Comando de Policiamento de Área com reforço de equipes do Batalhão de Ações com Cães (BAC), Batalhão de Operações Policiais Especiais (BOPE), do Rondas Especiais e Controle de Multidões (RECOM) e monitoramento aéreo do Grupamento Aeromóvel (GAM), segundo informou a PM.

Dados de 2020

Tráfico e milícia estão por trás de quase metade dos homicídios registrados na cidade do Rio no primeiro semestre deste ano. A informação está num relatório elaborado pela Polícia Civil e anexado no processo sobre a suspensão de operações policiais em favelas durante a pandemia de coronavírus que tramita no Supremo Tribunal Federal (STF).

Segundo o documento, o tráfico de drogas está por trás de 34% dos assassinatos que aconteceram na capital do estado nos seis primeiros meses deste ano. Já grupos paramilitares respondem por outros 13% dos crimes. Os dados foram disponibilizados pela Delegacia de Homicídios (DH) da capital.

Fonte: Jornal Extra