Jornal Povo

Flamengo e Fluminense decidem quem leva único título possível para os cariocas até o fim do ano

Com a paralisação do futebol por causa da pandemia do novo coronavírus e, consequentemente, a reformulação do calendário da temporada, a final do Campeonato Carioca, às 21h, no Maracanã, ganhou outro significado: em que pese as polêmicas que o mancharam, não haverá outro troféu a ser erguido em 2020 pelos dois finalistas. Seja Flamengo, seja Fluminense, quem vencer a disputa não verá nenhum concorrente do Rio ofuscar seu título até o fim do ano.

Com vitória por 2 a 1 na ida, o Fla ergue a taça com vitória ou empate, enquanto o Flu precisa de triunfo por dois ou mais gols de diferença — vitória por um, leva o jogo para os pênaltis.

Não bastasse o fato de ser a última de 2020, a taça do Estadual ainda se valorizou por acontecimentos durante a pandemia. Dos dois lados da final. No Fluminense, pode significar a catarse redentora de um clube que entrou em rota de colisão com a organizadora do campeonato, a Federação de Futebol do Rio (Ferj). Entre os rubro-negros, pode ser o ato final da era Jorge Jesus — o período mais vitorioso da história do Flamengo desde a geração de Zico, na década de 1980.

Há consideráveis chances de o português anunciar sua saída no dia seguinte à partida. A diretoria do Flamengo já trabalha com essa possibilidade e pensa em alternativas. O canal português Sport TV informou ontem que Jorge Jesus e o Benfica já possuem acordo e o técnico é aguardado no sábado em seu país para assinar contrato com o clube de Lisboa.

— A gente sabe que esse é um assunto muito pessoal dele, se vai ficar ou não. Torcemos muito para contar com ele por muito tempo — disse o uruguaio Arrascaeta. — A gente não pode fazer nada, quem vai definir é o treinador — completou.

Somada a uma eventual saída de Jesus, a perda deste título pode ser o estopim para uma crise na Gávea. Ainda que o time principal não tenha perdido uma partida sequer no ano, a queda de rendimento nos confrontos com o Fluminense chama a atenção. E o favoritismo tratado de forma natural até então se transformou em pressão por resultados.

Fla sem força máxima

O Flamengo não terá hoje o time considerado ideal. Suspenso pela expulsão no no jogo de ida, Gabigol deve dar lugar a Pedro. A tendência é que o ex-Fluminense forme a dupla de ataque com Bruno Henrique, que, poupado na última partida, já está recuperado de uma pancada no tornozelo sofrida na final da Taça Rio.

Na defesa, o problema é com o lateral-direito Rafinha. O Flamengo informou que o jogador segue em tratamento em período integral, mas já prepara seu substituto. Matheuzinho, promovido do sub-20, deve entrar no lugar do camisa 13. João Lucas, o substituto imediato, foi diagnosticado com Covid-19.

— As finais têm sido muito difíceis, contra um time que se fechou bem e diminuiu nossa criação. Mas faz parte. Os seres humanos têm altos e baixos — disse Arrascaeta.

A oscilação e os problemas rubro-negros alimentam os sonhos tricolores. Mesmo em desvantagem na disputa, a postura nas duas últimas partidas fazem o time de Odair Hellmann crer numa vitória sobre o rival.

Não é errado dizer que, mesmo antes da pandemia, o Fluminense já via o Estadual como único título ao alcance de suas mãos. Pelas limitações do elenco e do orçamento, o título das demais competições não faz parte das projeções do clube. Mas o favoritismo até então absoluto do rival era um impeditivo. Agora, o sentimento é de que já não é tanto assim.

Flu pode encerrar jejum

O eventual título dará fim a um jejum de oito anos sem a conquista de campeonatos relevantes. O último foi o Brasileiro de 2012 (em 2016, o Fluminense venceu a extinta Primeira Liga). De quebra, ainda dá confiança para o Brasileiro e do restante da Copa do Brasil.

— Temos pouco tempo para descansar. Mas a equipe está bem focada, sabe o que tem que fazer. Papito (apelido de Hellmann) conversa bastante com a gente. Estou feliz, motivado, assim como meus companheiros. Vamos em busca do nosso objetivo, que é ser campeão — disse Dodi.

O volante é peça importante na recuperação do Fluminense nesta fase pós-paralisação. Com sua entrada na semifinal da Taça Rio, contra o Botafogo, o time passou a contar com uma trinca de volantes e melhorou de rendimento. O esquema no meio é parecido com o usado pelo treinador no Internacional e tem dado trabalho ao Flamengo.

— Nas conversas, na imaginação de todos, a diferença (entre as duas equipes) seria muito maior em relação a resultado e performance. O que só mostra que conseguimos resultado e performance. E precisamos manter para que tenhamos possibilidade de obter o resultado — avaliou Odair Hellmann.

Fonte: Jornal Extra