Camila de Mello Mendonça Paredes, neta do bicheiro Raul Corrêa de Melo, o Raul Capitão — morto de parada cardíaca aos 88 anos em abril de 1997 — foi presa no fim da manhã desta quarta-feira, em flagrante, por agentes da Polícia Civil, acusada de vender relógios falsificados em uma loja que fica na Praça Monte Castelo, ao lado Camelódromo da Uruguaiana, no Centro do Rio.
Segundo a Delegacia de Repressão aos Crimes Contra a Propriedade Imaterial (DRCPIM), os investigadores receberam uma denúncia de que em uma loja na região havia uma grande quantidade de produtos piratas estocados, que eram vendidos. Quando chegaram ao estabelecimento na Praça Monte Castelo, a Polícia Civil encontrou Camila e cerca de 50 mil relógios falsificados para venda.
— Fizemos uma perícia e foi avaliado que o material, se revendido todo, daria um lucro de R$ 5 milhões — contou o delegado Mauricio Demétrio Afonso Alves, responsável pela prisão.

Além dos relógios falsificados, a Polícia Civil ainda encontrou no espaço máquinas caça-níqueis.
— Ela foi autuada em flagrante pelos crimes de contrabando, exploração de jogo de azar e receptação qualificada. Se essas penas forem somadas, ela pode ficar até 15 anos na cadeia — afirmou Demétrio.
Acusação de tentativa de fraudar herança de idosa
Em 2015, Camilla e mais três primos foram denunciados pelo Ministério Público do Rio após tentarem se tornar beneficiários do espólio de Eglantina Monteiro de Lima, que faleceu sem herdeiros, deixando uma herança milionária.
Os quatro, segundo o MP, usaram documentos falsos para ajuizarem, em março de 2013, uma ação de execução de testamento, junto ao Juízo da 6ª Vara de Órfãos e Sucessões da Comarca da Capital, na qual se apresentavam como beneficiários do espólio de Eglantina.
Descrita como uma senhora de hábitos simples, Eglantina vivia solitária na Zona Norte e costumava ser vista maltrapilha na Praça Saens Pena, na Tijuca, dando comida aos pombos. Ela era dona de diversos imóveis no mesmo bairro, no Centro, no Flamengo, em Copacabana, no interior do estado e na Região Oceânica de Niterói. Apenas um conjunto de imóveis na Tijuca, que ocuparia quase um quarteirão numa área cobiçada pela construção civil, está avaliado em cerca de R$ 6 milhões.
A fraude foi descoberta por peritos do Instituto de Criminalística do Rio (ICCE). Por meio de um exame grafotécnico, eles comprovaram que o testamento apresentado era falso. O documento possuía inúmeras irregularidades, como processo de envelhecimento artificial e vestígios de uso de cola, indicando que as folhas do testamento foram inseridas posteriormente à encadernação original do livro. Segundo os peritos, a assinatura de Eglantina foi grosseiramente falsificada, assim como a do tabelião Carlos Alberto Reis de Barros.
Fonte: Jornal Extra