Jornal Povo

Enquanto população relaxa medidas de segurança, médicos alertam que máscara e distanciamento continuam necessários

Desde que entrou na terceira fase de flexibilização — em meio à pandemia do novo coronavírus —, o que tem se visto no Rio são ruas mais cheias, orlas agitadas e ciclovias com muita gente fazendo exercício. Com a liberação de novos espaços, como bares, restaurantes, atividades na praia e academias, a população vai relaxando as medidas de segurança. Aumentou o número de pessoas sem máscaras, se cumprimentando, conversando de perto e esquecendo do álcool 70% nos espaços públicos.

Infectologistas e pneumologistas reforçam que há, sim, a total necessidade de se usar máscara, álcool, manter o distanciamento social e evitar sair de casa. O médico e professor da UERJ Mario Roberto Dal Poz destaca que o principal erro que ele tem visto é o de usar a máscara no queixo, e frisa que a melhor maneira de se proteger é manter o distanciamento social de 2 metros.

— Ando vendo muito na rua pessoas com as máscaras fora do lugar correto. Até mesmo autoridades. Máscara, como se sabe, é para proteger boca e nariz. Se uma pessoa gritar sem usar máscara voam gotículas para todos os lugares. Manter o distanciamento é imprescindível também. Fora a transmissão pelas vias aéreas, as outras se dão pelas mãos. Elas são as intermediárias entre o local e a pessoa contaminada. Evite tocar, cumprimentar, e, claro, não toque nos olhos, nariz e boca enquanto estiver fora de casa e sem as mãos higienizadas — ensina.

Dal Poz afirma ainda que usar óculos é mais uma proteção. Quem não utiliza os de grau pode optar pelos escuros. Ou então recorrer às máscaras face shields.

— Mas lembre que usar a face shields não elimina a necessidade de usar a máscara facial cobrindo nariz e boca — lembra o médico.

Apesar de ser um ambiente aberto onde é possível manter o distanciamento, Dal Poz afirma que, para a praia ser considerada segura precisaria que todos os freq7uentadores tivessem consciência das medidas de segurança:

— E isso, infelizmente, não ocorre. Numa academia de ginástica, por exemplo, é possível controlar a distância e a higienização.

Um dos erros mais comuns de quem está na praia é retirar a máscara quando esquenta ou não usá-la após mergulhar. É preciso secar o rosto e recolocá-la imediatamente. O banhista também deve evitar comprar alguma coisa na praia. O ideal é levar comida e bebida de casa. O esporte ao ar livre deve ser praticado com cautela. Na corrida, desvie das pessoas e nem pense em ficar sem máscara. Quando o acessório estiver suado, troque por um novo.

O virologista chefe do Laboratório de Virologia do Departamento de Genética da UFRJ, Amilcar Tanuri, lembra que com a respiração mais intensa a dispersão do vírus é maior, alcançando até 8 metros:

— Sabemos que a máscara incomoda normalmente, e esse desconforto aumenta durante a atividade física. No entanto, usá-la continua sendo indispensável. Caso uma pessoa infectada e assintomática esteja se exercitando o risco de contaminação fica aumentado nesse ambiente.

A pneumologista e pesquisadora da Fiocruz Margareth Dalcomo faz um alerta geral.

— A pessoa precisa saber que qualquer ambiente fechado é um lugar de risco — frisa ela: — O principal problema é a aglomeração. Não pode festa e reunião, nem as menores. A transmissão ainda está alta. Se alguém tossir, saia correndo.

Fonte: Jornal Extra