Jornal Povo

Sem receber auxílio-merenda prometido por Crivella, mães de alunos fazem protesto em frente à prefeitura

RIO — Na manhã desta terça-feira, dezenas de mães de alunos da rede municipal de ensino deixaram suas casas, em meio à pandemia do coronavírus, e seguiram em direção à sede da prefeitura do Rio, no Centro, para reivindicar o pagamento do auxílio-merenda prometido pelo prefeito Marcelo Crivella enquanto durasse a pandemia. O benefício, antes fixado em R$ 100 e apenas voltado às famílias inscritas em programas sociais, foi estendido, no início de junho, para todos os alunos da rede do município — o valor, porém, do ‘cartão cesta básica’ foi reduzido pela metade: R$ 50. Muitas famílias, no entanto, seguem sem receber as parcelas.

Entre as mães que protestavam nesta terça-feira em frente à prefeitura estava Carla da Silva, de 31 anos. Mãe de Lucas, de 8 anos, ela diz que recebeu apenas uma parcela das três que lhe foram prometidas inicialmente, no valor de R$ 100. Há três anos morando em uma ocupação irregular com outras dezenas de famílias na Zona Portuária, ela lamenta a falta de comida dentro de casa. Sem poder trabalhar como camelô desde o início da pandemia, ela diz que auxílio poderia ajudar na alimentação do filho, aluno da Escola Municipal Benjamin Constant, no Santo Cristo.

— O prefeito só prometeu e não liberou. Meu filho almoçava, tomava café e lanchava na escola. Estou sem trabalhar por causa da pandemia e agora está faltando comida em casa. Estive hoje pedindo não apenas pelo meu filho, mas por todos. Aqui perto de casa, também há umas 50 crianças, coleguinhas do meu filho, sem receber o auxílio. Tá todo mundo na mesma situação — frisa Carla, que diz estar vivendo de doação.

Situação parecida está vivendo Patrícia Custódio, responsável por duas crianças matriculadas na rede municipal: um filho de 15 anos, e o neto, de 4, criado por ela. Segundo Patrícia, que assim como o marido, está desempregada, foram carregadas apenas as primeiras parcelas do benefício, em abril, no valor de R$ 100, no cartão de cada aluno. De lá para cá, a única ajuda do governo foi uma cesta básica entregue nesta segunda-feira (20) em uma das unidades da Coordenadoria Regional de Educação (CRE). O conteúdo da cesta, no entanto, deixou a mãe revoltada:

— É uma mini cesta. Vem dois quilos de macarrão, quatro sacos de leite, um de farinha, um de fubá, açúcar e um preparo para mingau. Ah, e duas caixas de ovo estragadas. Não veio nem arroz nem feijão. Questionei e ainda ouvi que tinha que aceitar — reclama Patrícia, que disse ter ficado sabendo da entrega das cestas por um grupo de WhatsApp das mães.

Moradora de um terreno ocupado em São Cristóvão há dois anos, ela lamenta por não estar recebendo ajuda digna do município para compçementar a alimentação dos filhos durante a pandemia.

— As crianças merecem uma merenda digna.

Fonte: Jornal Extra