Jornal Povo

Sindicato dos Professores desmente Crivella e diz que não concordou com volta das aulas presenciais nas escolas particulares

Após a concretização nesta terça-feira do que já havia sido antecipado pelo prefeito do Rio, Marcelo Crivella, na segunda-feira, quando ele anunciou que as aulas presenciais na rede privada voltariam a ser permitidas a partir do dia 3 de agosto, depois de longa pausa durante a pandemia do novo coronavírus, o Sindicato dos Professores do Município do Rio e Regiões (Sinpro Rio) voltou a negar que tenha entrado em acordo com a prefeitura sobre o retorno das atividades in loco. Durante a coletiva de imprensa, onde apresentou oficialmente o planejamento, Crivella afirmou que, em encontro, a classe concordou com a ideia.

— Depois de muitas reuniões, houve consenso entre os sindicatos dos professores e das escolas. Os representantes dos professores resistiam, por achar que haveria constrangimento para que todos os professores retornassem — disse o prefeito.

Procurado pelo JP nesta terça, o vice-presidente do Sinpro Rio, o professor Afonso Celso Teixeira, afirmou que a classe apenas ouviu a proposta, mas que iria debatê-la em assembleia prevista para o dia primeiro.

— Isso não procede. Em nenhum momento nós dissemos que concordamos. Inclusive, falamos para eles que nós teríamos uma assembleia no dia 1º de agosto e que iríamos conversar com a diretoria e demais profissionais. Nós marcamos antes, também, uma reunião para amanhã, porque estávamos só eu e o presidente e nós não decidiríamos ali. Nós só ouvimos a proposta, que é a de retorno de 4º, 5º, 8º e 9º ano num primeiro momento. Ouvimos dissemos que iríamos levar à diretoria e à assembleia. Ouvimos, mas não concordamos com nada — disse Afonso.

Em nota, o Sindicato dos Professores do Rio também se manifestou em nota:

“Após o anúncio feito pela prefeitura no dia de ontem que as escolas particulares poderiam retornar às aulas no dia 3 de agosto, de maneira “VOLUNTÁRIA “, como se os patrões fossem seguir essa regra, O SINPRO Rio foi convocado pela prefeitura para uma reunião no dia de hoje. Ouvimos da equipe da Vigilância Sanitária que o retorno seria, num primeiro momento, do 4°, 5°, 8° e 9° anos. O Sinpro-Rio ouviu a proposta, questionou sobre testagem da comunidade escolar e sobre o caráter do retorno facultativo para professores. Em nenhum momento, dissemos estar de acordo com ela.

Entendemos não ser hora de qualquer retorno, principalmente baseado nas pesquisas científicas da Fiocruz, em anexo, e outros órgãos de saúde. Continuamos com as aulas remotas , mais trabalhosas e estafantes que as presenciais, para não arriscar as vidas das crianças, adolescentes e jovens , além das nossas próprias e as das famílias da comunidade escolar. A greve pela vida continua até nossa próxima assembleia dia 01 de agosto, onde decidiremos os rumos do movimento de defesa da saúde e da vida. A economia se recupera , a vida não!”.

Procurada, a prefeitura do Rio ainda não se manifestou sobre o posicionamento do sindicato.

Sindicato das escolas é a favor da volta opcional e se diz preparado

Também sobre a reunião, o Sindicato dos Estabelecimentos de Educação Básica do Rio (Sinepe-RJ), que responde pelas escolas particulares, se manifestou através de seu presidente, José Carlos Portugal. Ele acredita que a rede privada está preparada.

— A Rede Privada de Ensino está preparada para a volta às aulas de forma segura e gradual, na medida em que as autoridades assim o permitam. As escolas seguirão os cuidados necessários, previstos no protocolo básico aprovado pelas autoridades sanitárias: distanciamento necessário, higienização permanente dos ambientes, regras de entrada e saída, ambientes abertos e arejados, termômetro na porta e tapete de entrada com substância apropriada, uso de máscara, além de subdivisão de turmas.

Portugal afirma também respeitar que cada instituição siga seu próprio modelo nesta retomada.

— Não haverá modelo único para a volta às aulas. Cada instituição terá respeitada a sua autonomia e zelará para trazer segurança a seus alunos, professores e demais colaboradores, adequando-se às normas sanitárias básicas. Além disso, respeitará a decisão de cada família, que discernirá o momento em que se sentirá confortável em levar o seu filho para participar das atividades presenciais.

Fonte: Jornal Extra