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Polícia Civil apura suspeita de fraudes na Leão XIII na gestão Witzel; Crivella nomeou investigado subsecretário

BRASÍLIA — A Polícia Civil suspeita de fraudes na Fundação Leão XIII, subordinada à Vice-Governadoria do Estado, em 2019, no primeiro ano da gestão do governador Wilson Witzel. Um inquérito obtido pelo GLOBO aponta que o empresário Marcus Vinicius de Souza, preso em julho do ano passado na Operação Catarata, foi responsável pela inidicação de Allan Borges para presidir a Fundação Leão XIII. Borges é suspeito de favorecer a empresa Servlog, de Flávio Chadud, também preso, com um aditivo sem licitação de R$ 21 milhões para prestação de serviços oftalmológicos. Exonerado a pedido em janeiro deste ano, Borges foi nomeado pelo prefeito Marcelo Crivella, no dia 29 de maio, subsecretário de Transportes. Procurado, Borges afirmou que seus “atos administrativos desmentem a tese da investigação”.

‘Atos desmentem a investigação’

Procurado, o governo estadual preferiu não comentar o caso. Um representante da Vice-Governadoria, contudo, argumentou que o referido aditivo de R$ 21 milhões, citado no relatório da Polícia Civil, teve redução 25% se comparado ao contrato original, firmado em 2018.

Allan Borges, por sua vez, afirmou que seus atos administrativos “desmentem” a tese da investigação. “Logo que tomei posse como presidente da Fundação Leão XIII, acabei com um contrato de 19 milhões com a empresa Rio Mix do senhor Marcus Vinicius e diminuí em 25% o contrato da empresa SERVLOG do senhor Flávio Chadud. Além disso, não paguei nenhum valor de restos a pagar ou dívida de exercícios anteriores dessas empresas, gerando uma economia e proteção do erário na importância somada de aproximadamente R$ 28 milhões”. Na parte final desta reportagem, O GLOBO publica a íntegra da nota enviada por Allan Borges à redação.

Crivella: nomeação seguiu parâmetros legais

O prefeito Marcelo Crivella nomeou Allan Borges subsecretário de Transportes em 29 de maio. No dia 18 de junho, o prefeito publicou um decreto dando poderes a Allan para substituir o atual secretário de Transportes, Paulo Jobim Filho, nos eventuais impedimentos do titular da pasta.

Procurado, Crivella se posicionou por meio de nota:

“O atual subsecretário de Transportes, Allan Borges, presidiu a Fundação Leão XIII durante o ano de 2019, desempenhando um trabalho absolutamente técnico, e não tem qualquer conhecimento sobre a denúncia. Tem 10 anos de atuação na gestão pública e foi nomeado na Secretaria Municipal de Transportes, seguindo todos os parâmetros legais.”

No centro das investigações, o programa Novo Olhar, que proporciona exames de vista e distribui óculos de grau a alunos da rede pública, foi levado para a prefeitura por meio de um acordo, em 2018. Na ocasião, Crivella participou do evento ao lado do então secretário de Assistência Social, Pedro Fernandes, um dos investigados no relatório da Polícia Civil.

Íntegra da nota de Allan Borges

“Meus atos administrativos desmentem a tese da investigação. Logo que tomei posse como presidente da Fundação Leão XIII, acabei com um contrato de 19 milhões com a empresa Rio Mix do senhor Marcus Vinicius e diminuí em 25% o contrato da empresa SERVLOG do senhor Flávio Chadud.

Além disso, não paguei nenhum valor de restos a pagar ou dívida de exercícios anteriores dessas empresas, gerando uma economia e proteção do erário na importância somada de 28 milhões. Fiquei sabendo pela imprensa sobre o ocorrido, não tive acesso aos autos, em momento algum fui convocado para dar explicações.

Então, se a Polícia Civil tivesse me chamado já teria esclarecido e essa suspeita não estaria no relatório. Continuo, como sempre estarei, à disposição para quaisquer esclarecimentos. Confio e acredito na Justiça.”

Fonte: Jornal Extra