Após mais de quatro meses confinados, os alunos de uma escola particular da Zona Oeste do Rio experimentaram nesta segunda-feira o novo normal. Na data em que a prefeitura autorizou o retorno facultativo das atividades presenciais para as turmas de 4º, 5º, 8º e 9º anos do Ensino Fundamental na rede privada, o Colégio Camões-Pinochio, em Jacarepaguá, recebeu cerca de 40 alunos.
Os estudantes encontraram uma rotina bem diferente da que tinham deixado para trás: na entrada, todos tiveram que respeitar as indicações de distanciamento, medir a temperatura e higienizar as mãos com álcool em gel. Nas salas, as carteiras foram afastadas a uma distância de dois metros uma da outra, e os alunos e professores foram orientados a usar máscaras de proteção o tempo todo e trocar sempre que necessário. No primeiro dia de aulas, em vez dos professores, foram os alunos que falaram.
— Nossa preocupação inicial foi garantir que todos conhecessem as regras e procedimentos. Depois, nós nos preocupamos em escutá-los. Queremos entender como foram esses meses em casa para nossos alunos. Muita coisa aconteceu, eles têm um jeito próprio de processar isso tudo. E a gente quer entender bem como eles estão, para só depois voltar a falar em estudar, em lições de português, matemática, etc — explica o diretor executivo do colégio, Luciano Nogueira.

Para se adaptar às regras de ouro da prefeitura, as salas de aula precisaram ser remodeladas. Em alguns ambientes, as carteira foram dispostas com dois metros de distância uma da outra. Em outros, as mesas foram organizadas de forma a abrigar um aluno a cada quatro metros quadrados. A escola também produziu máscaras de proteção padronizadas e reforçou o uso do álcool em gel.
— As máscaras e o distanciamento foram a maior novidade. A questão do álcool em gel, a gente já tinha trabalhado em 2009, na época da gripe suína. Além disso, como a escola também tem alunos de Educação Infantil, sempre reforçamos muito os hábitos de asseio com todos os estudantes e funcionários — diz Nogueira.
Com um total de 570 alunos, da Educação Infantil ao Ensino Médio, a escola consultou os pais sobre a data e o modelo de retorno. A primeira data prevista para o retorno das atividades era o dia 13 de julho, de acordo com o plano inicial de retomada da Prefeitura do Rio que depois foi alterado.Em respeito às famílias que decidiram não enviar seus filhos à escola no primeiro momento, o colégio decidiu manter as aulas na modalidade online para todos, inclusive para os que estiverem em sala de aula.
— Optamos por um modelo em que os professores continuam de casa, num primeiro momento, gravando as aulas e as transmitindo ao vivo, como estavam fazendo até agora. Dessa forma, o aluno que estiver na escola vai assistir à mesma aula que os alunos que estiverem em casa — explica Nogueira.
Ao contrário do Colégio Camões-Pinochio, a maior parte das escolas particulares decidiu não abrir as portas nesta segunda-feira. Apesar de a prefeitura ter publicado um decreto autorizando o retorno para quatro anos do Ensino Fundamental, o governo do estado prorrogou para até quarta-feira as medidas restritivas, que incluem a não abertura das escolas particulares.
Em meio à queda de braço entre as autoridades, de 15 colégios e redes de ensino, a maioria afirmou que ainda não tem data prevista para o retorno das atividades presenciais. Apenas quatro colégios informaram que devem voltar na segunda quinzena de agosto, mas também não fixaram data.
No domingo, o Ministério Público estadual e a Defensoria Pública acionaram o plantão judiciário do Tribunal de Justiça com um pedido de liminar para suspender o retorno facultativo às aulas presenciais em escolas privadas do município a partir desta segunda. O pedido, no entanto, não foi concedido. O MP e a Defensoria informaram que vão recorrer da decisão.
Fonte: Jornal Extra