Jornal Povo

Fiscais do Ipem são presos após se passarem por policiais civis para extorquir comerciantes na Baixada

Uma equipe de fiscais do Instituto de Pesos e Medidas (Ipem) foi presa em flagrante na tarde desta sexta-feira, no Feirão das Malhas, em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, por policiais civis da Delegacia de Repressão aos Crimes Contra a Propriedade Imaterial (DRCPIM). Segundo a especializada, o grupo de oito servidores do governo do estado estavam se passando por investigadores da DRCPIM para extorquir comerciantes da Baixada. No momento da prisão, os policiais encontraram cerca de R$ 4 mil com os funcionários.

O grupo começou a ser monitorado há alguns dias após uma denúncia anônima indicar que supostos investigadores da Polícia Civil estavam cobrando taxas de comerciantes para que eles não fossem presos por irregularidades em seus estabelecimentos. Após a informação, a polícia começou a monitorar os fiscais do Ipem.

Agentes da Polícia Civil encontraram R$ 4 mil reais com o grupo, escondido em fundo falso do carro
Agentes da Polícia Civil encontraram R$ 4 mil reais com o grupo, escondido em fundo falso do carro Foto: Divulgação

No final da tarde desta sexta-feira, os policiais encontraram os fiscais Tancredo Torres de Souza, Leonardo Antunes Xavier, Tiago Lira Gonçalves, Leandro Macedo Peixoto, Marcelo Leite Ribeiro, Mario Jorge Lima de Carvalho, Fabio Mathias Bullos e Jorge Oliveira Duarte Júnior no centro comercial após extorquirem um empresário. O dinheiro, R$ 4 mil, estava escondido em um fundo falso que a quadrilha criou dentro do veículo do Ipem. O empresário que foi extorquido pelos fiscais foi levado para a delegacia para prestar depoimento.

De acordo com a Polícia Civil, Fabio Mathias Bullos, um dos presos é chefe de gabinete do presidente do órgão, Luis Machado. Em suas defesas, na Cidade da Polícia, no Jacaré, na Zona Norte do Rio, os fiscais afirmaram que “estavam fazendo uma fiscalização de rotina”.

O delegado Maurício Demétrio Afonso Alves, titular da DRCPIM, afirmou que o grupo vai responder por organização criminosa, quadrilha, extorsão e corrupção. Dois carros do órgão foram apreendidos.

O Jornal Povo apurou que essa prática criminosa já vem ocorrendo há meses. Mesmo durante a pandemia, o bando criminoso, com a desculpa de fiscalização, achacou empresários. A prática criminosa consistia da seguinte maneira: o grupo montava uma suposta operação de fiscalização e no local informava ao proprietário do estabelecimento que o espaço estava com algum tipo de irregularidade. No final, os fiscais se passavam por agentes da DRCPIM e afirmavam que iria levar para a especializada o dono do local caso ele não pagasse uma quantia. Com medo, muitas das vezes o comerciante pagava e era liberado.

Através de uma nota, o presidente da autarquia Luis Machado afirmou que seus “fiscais estavam realizando uma operação de rotina quando foram abordados pelos policiais. Ao tomar ciência do acontecimento, um representante jurídico foi imediatamente para a delegacia, a fim de apurar informações”. Por fim, Machado afirmou que o Ipem está “atuando para esclarecer os fatos o mais rápido possível”.