Jornal Povo

Reabertura do Cristo Redentor é marcada por atrasos na liberação de turistas

RIO — Após quase cinco meses fechado em razão da pandemia do novo coronavírus, o Parque Nacional da Tijuca foi aberto para visitantes neste sábado. Apesar de turistas terem comprado ingressos para visitar o Corcovado às 8h, o acesso ao cartão-postal só foi liberado às 11h20, após a solenidade de abertura promovida pelo Ministério do Meio Ambiente.

Com ingressos comprados para 10h, o casal Josemberg Júnior e Tábata Chagas veio de Itaboraí para visitar o ponto turístico. Chegando ao local, os dois foram surpreendidos com a informação de que teriam que esperar ao menos duas horas para poderem subir.

— O ingresso ainda dizia que deveríamos chegar meia hora antes, ou seja, estamos aqui desde 9h30. Ficamos duas horas esperando liberação. Ninguém tinha avisado nada — disse Júnior.

Tábata engrossou o coro:

— É chato porque viemos de longe e acordamos cedo sem necessidade. Inclusive, nem sabemos onde vamos almoçar, pois tivemos que refazer todo nosso planejamento. Agora que voltamos a ter uma rotina relativamente normal, depois de todo esse período de isolamento — lamentou.

Ricardo Meirelles veio de Brasília passar uma semana no Rio e aproveitou para visitar o Corcovado. Ele também foi um dos turistas prejudicados com o atraso: comprou ingresso para às 8h e só subiu às 11h30.

— Cheguei antes das 8h porque pediram para chegar com antecedência. Mas, assim que cheguei, falaram que estava ocorrendo uma solenidade no Cristo e que todos precisariam aguardar. Como vim de longe, esperei porque não podia perder a oportunidade de visitar o Cristo. Não tem como se estressar num lugar como esse, né? Nem vale a pena. Esse lugar é um dos mais bonits do mundo — disse Meirelles.

Argentino, Floro Caporaletti está no Brasil desde o fim de janeiro. Inicialmente, ele veio passar apenas dois meses no país, mas a pandemia fez com que ele permanecesse na casa de seu amigo em Botafogo até hoje. Ele conta ser a primeira vez que sobe o Cristo Redentor e diz que ficou impressionado com a vista de um dos principais pontos turísticos do Rio.

— Meu ticket era para 10h30, então não precisei esperar tanto. Estou muito surpreso com tudo isso, é muito emocionante. Lá de baixo não conseguia ver que a cidade é tão bonita, magnífica. Também não sabia que ventava tanto — brincou o morador da cidade argentina de Rosário.

A concessionária Trem do Corcovado explica que, somente às 6h40 deste sabado, a administração do Parque Nacional da Tijuca a avisou que os turistas só poderiam subir ao monumento após a cerimônia de reabertura, e que, neste horário, parte dos ingressos dos primeiros horários de visita já tinham sido vendidos.

Cerimônia de reabertura

Marcado para as 10h, o evento de reabertura se iniciou às 10h30 no platô do Cristo Redentor, contando com a presença do Ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, do Ministro do Turismo, Ricardo Álvaro, do presidente da Embratur, Gilson Machado, e do reitor do Santuário do Cristo Redentor, Padre Omar Raposo.

— Esse momento de reabertura do Parque Nacional e do Cristo simbolizam também a reabertura do Brasil ao turismo, ao desenvolvimento e ao cuidado ambiental. O turismo brasileiro tem um potencial enorme, mas pouco utilizado, e tem aqui no Cristo Redentor o seu maior ícone nacional — disse Ricardo Salles, ao abrir a cerimônia.

O presidente da Embratur, Gilson Machado, também se manifestou:

— O turismo no Brasil representa 8% do PIB brasileiro. Isso é muito pouco, pois esse índice poderia chegar a 15%. Temos uma cadeia hoteleira com mais de 45 mil hotéis e só 45% de ocupação. Junto ao agronegócio, o turismo é o motor de crescimento mais rápido que nosso país pode ter.

Ao discursarem, Salles e Machado retiraram a máscara de proteção. Também não houve respeito ao distanciamento social entre os presentes.

Regras sanitárias

Para poder subir ao Cristo Redentor, os visitantes tinham que seguir protocolos definidos pelo ICMBio, como medição de temperatura, uso obrigatório de máscaras e higienização das mãos com álcool gel.

Os elevadores de acesso, as vans e o trem do Corcovado também passavam por processo de sanitização a cada rodada de visitantes.

Na última quinta-feira, 60 militares do Exército e da Marinha, do Comando Militar do Leste, fizeram a desinfecção do monumento. De acordo com o Coronel Carlos Alberto do Rego Barros, porta-voz do Comando Militar do Leste, o produto químico utilizado foi o BX24, que é à base de cloro e importado da Itália. Além do Cristo Redentor, os militares também atuaram no Trem do Corcovado e no Centro de Visitantes Paineiras.

Fonte: Jornal Extra