Jornal Povo

Criança portadora de paralisia cerebral sofre discriminação de professora na escola

O caso aconteceu em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense. A professora continua trabalhando na escola.

“Ela não gosta da minha filha. Toda vez que a vê vira as costas. Dá para ver que ela destrata a Adrielle”. Essas são as palavras da Fabiana Oliveira dos Santos Menezes, 32 anos. A filha dela, Adrielle Oliveira dos Santos Machado, de 10 anos, sofreu discriminação de uma professora onde estuda, a Escola Municipal Professora Therezinha De Jesus Araujo Hermida, que fica no distrito de Tinguá, em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense. Adrielle, que é portadora de paralisia cerebral espástica, chegou a perder o ano letivo por conta dos constantes atos de preconceito que sofreu dessa professora.       

Fabiana contou ao JORNAL POVO que a professora, identificada por ela como Sônia, já tratou Adrielle de maneira indevida desde o primeiro dia de aula dela na escola em 2018. A professora teria olhado para a menina e dito a mãe dela que não daria aula para uma criança que usava cadeira de rodas, porque ela tem problemas de coluna e não iria ter como locomover Adrielle quando precisasse. Fabiana diz, no entanto, que todos na unidade de ensino ajudam sua filha com suas necessidades, e que a professora é a única que se opõe a isso.

“Desde que Adrielle foi estudar lá, ela faz isso. Quando minha filha vai à escola todos a ajudam com a cadeira de rodas, tratam ela com o maior carinho e respeito. A Sônia não gosta da Adrielle e não esconde isso nem dela mesma. Nunca fizemos nada a ela para tratar minha filha assim”, diz Fabiana.

Ainda de acordo com Fabiana, Adrielle ficou desanimada de ir à escola por conta das diversas vezes que foi tratada dessa maneira pela professora e repetiu de ano. O caso chegou a ser levado ao Conselho Tutelar e para a Secretaria Municipal de Educação (SEMED), mas nada aconteceu e a professora continua dando aula na unidade de ensino.

Ocorrência de encaminhamento de Fabiana do Conselho Tutelar de Vila De Cava para a SEMED

“Levamos o caso para o Conselho Tutelar, mas não adiantou nada. Ela continua dando aula lá, como se nada estivesse acontecido. E minha filha fica com tudo isso na cabeça, sabendo que tem uma professora, que deveria ser exemplo, agindo com ela de forma preconceituosa. E o pior é que nenhuma autoridade faz nada”, diz Fabiana.  

Única aluna a não receber cesta básica

Com a pandemia do novo coronavírus, a escola onde Adrielle estuda está distribuindo cestas básicas para às famílias dos alunos. Entretanto, Fabiana conta que ela é a única aluna que não está recebendo o benefício e que seu nome sequer está na lista de cadastrados. Fabiana diz que essa cesta básica ajudaria muito nesse período, uma vez que ela está desempregada e que os recursos do seu esposo não cobrem todos os gastos da família. Ela procurou saber o motivo de não estar na lista dos contemplados, mas conta que até hoje nada foi feito.

“Já procurei saber o motivo, mas ninguém me dá uma resposta. Somos a única família que não está recebendo a cesta básica da escola, o nome da Adrielle nem está na lista. E seria mais do que necessário, principalmente nesse período que estamos vivendo”, diz Fabiana.

Tratamento parado e cadeira de rodas quebrada

Adrielle fazia seu tratamento na AACD de Nova Iguaçu. Em 2018, a prefeitura assumiu a gestão da instituição. Foi quando as dificuldades com o tratamento começaram. Ela não faz mais as fisioterapias na frequência que fazia e os equipamentos que ela usa no dia-a-dia, como andadores e a cinta estabilizadora precisam ser trocados. Fabiana até tentou consertar a cadeira de rodas da filha no local, mas ela diz que ao chegar lá foi cobrada uma taxa de R$ 50 reais.

“Fui uma vez lá para consertar a cadeira dela, que está com a roda quebrada, e chegando lá eles me cobraram uma taxa de R$ 50 reais. Fiquei sem entender, porque lá agora público e eles cobram para fazer essas coisas. Não tive como resolver, a cadeira ainda está ruim”, relata Fabiana.

Cadeira de rodas de Adrielle com a roda quebrada