O ministro da Economia, Paulo Guedes, tem direcionado sua artilharia no titular do Desenvolvimento Regional, Rogério Marinho, na guerra interna no governo sobre a manutenção ou não do teto de gastos, regra que impede que as despesas da União cresçam acima da inflação.
Em conversas com aliados e interlocutores durante o último fim de semana, o chefe da equipe econômica atribuiu apenas a Marinho a ofensiva para convencer Jair Bolsonaro a furar a regra do teto para gastar mais em obras públicas que possam dar vitrine eleitoral ao presidente.
A um interlocutor, Guedes afirmou que Marinho defende gastar mais em obras para dar ganhos eleitorais não só a Bolsonaro, como ao próprio ministro do Desenvolvimento Regional, que teria pretensão de disputar o governo do Rio Grande do Norte em 2022. Marinho diz ser candidato apenas a ser um “bom ministro”.
Nos bastidores, Guedes disse que, ao contrário do propagado, conta com o apoio, na defesa do teto, do titular da Infraestrutura, Tarcísio de Freitas, e até do chefe da Casa Civil, general Braga Netto, ambos apontados por alguns como ministros “fura tetos”.
Escolha
Para a equipe econômica, Bolsonaro terá de decidir entre prorrogar o auxílio emergencial ou gastar mais com obras, pois não há espaço fiscal para ambos. Guedes defenderá prorrogar o auxílio, com discurso de que isso rende mais frutos políticos ao presidente do que as obras.
A equipe econômica, porém, prega que o auxílio seja apenas uma “travessia” para o Renda Brasil, como o governo chamará o Bolsa Família após reformulação, a partir de 2021. “O Renda Brasil que vai garantir a reeleição do presidente”, disse ao Jornal Povo um secretário de Guedes.
Interlocutores do chefe da equipe econômica lembram que a melhora na popularidade no presidente na recente pesquisa Datafolha se deve principalmente ao auxílio emergencial. Por isso, tirá-lo agora sem uma compensação teria impacto direto na avaliação de Bolsonaro.
Fogo amigo
Como a coluna noticiou no fim de semana, Guedes nega qualquer possibilidade de deixar o governo. A interlocutores, o ministro disse que não há qualquer mal-estar com Bolsonaro e atribuiu as críticas e ataques a “fogo amigo” de integrantes da ala desenvolvimentista do governo.