Jornal Povo

Tiki-taka e tic-tac ocupam o centro das discussões do novo Flamengo

A proposta era a de primeiramente seguir a filosofia que fez os torcedores rubro-negros e a opinião pública se apaixonarem pelo Flamengo versão 2019. Ao aceitar a proposta para dirigir o campeão da Libertadores e do Brasileirão, Domènec Torrent prometeu um futebol ofensivo, intenso, valorizando as características dos jogadores.

Além disso, acrescentou que as mudanças, com seu jeito de armar uma equipe, seriam implantadas pouco a pouco no time bem-sucedido moldado pelo antecessor, Jorge Jesus.

As primeiras palavras do novo técnico foram bem aceitas por todos, até porque, diferentemente do Mister, Dome teria um tempo escasso para treinar um grupo vindo de um tempo razoável sem jogos após a conquista do titulo estadual.

Cartas postas à mesa, o jogo começou embaraçado para o Flamengo. Os cinco primeiros jogos não foram bons, e as críticas ganharam o mesmo tamanho do favoritismo atribuído ao time anteriormente.

As redes sociais estão pulsando. Algumas hashtags surgiram pedindo a saída imediata do treinador espanhol. É nesse momento que a mão forte do comando terá que atuar. O VP de futebol, Marcos Braz, e o diretor executivo, Bruno Spindel, responsáveis pela escolha, estão convictos de que qualquer mudança nesta fase do trabalho seria covardia e falta de coerência com o pensamento no clube desde janeiro de 2019.

– O Domènec chegou e já foi ao campo jogar. Não teve o tempo de 20 dias que o Jorge (Jesus) teve no início. E depois ainda ganhou algumas semanas livres porque fomos eliminados na Copa do Brasil – lembrou Marcos Braz.

Marcos Braz lembra que Domènec teve poucos treinos até a estreia — Foto: Alexandre Vidal / CRF
Marcos Braz lembra que Domènec teve poucos treinos até a estreia — Foto: Alexandre Vidal / CRF

Sobre possíveis focos de insatisfação do elenco, os dois dirigentes já fizeram chegar ao vestiário um recado claro de que Domènec tem respaldo para continuar o trabalho.

– De fora para dentro, nada vai entrar ou criar fantasmas. A gente acredita nele, no trabalho e vamos seguir. Sempre trabalhei assim em todas as minhas passagens pelo clube, inclusive em tempos mais difíceis – afirmou Marcos Braz, lembrando que em 2009 bancou a permanência de Andrade no meio do Brasileirão após a saída de Cuca.

Há na diretoria a convicção de que a derrota para o Atlético Goianiense foi um ponto fora da curva e que ali realmente houve uma certa precipitação do novo técnico com as mudanças sem o devido tempo de testá-las. Sobre as demais decisões que geraram polêmica e reclamações dos torcedores, como não fazer as cinco substituições, a cúpula do Flamengo acredita que elas estão dentro do pacote da mudança de comando.

Jogo contra o Atlético-GO foi considerado um ponto fora da curva pela diretoria — Foto: Marcos Souza/Agência Estado
Jogo contra o Atlético-GO foi considerado um ponto fora da curva pela diretoria — Foto: Marcos Souza/Agência Estado

– A ideia de repetir algumas substituições e não mexer muito durante os jogos é a forma que ele encontrou para condicionar algumas peças – disse uma fonte ouvida pela reportagem.

A falta de bom futebol e de resultados positivos que vem incomodando os rubro-negros também gera insatisfação nos gabinetes do Ninho do Urubu, mas por enquanto está descartada qualquer chance de mudança. E outra decisão importante: reclamações via redes sociais não serão toleradas e só aumentam o respaldo ao técnico espanhol.

Além do tiki-taka do “guardiolismo”, no futebol brasileiro há o tic-tac do relógio que não perdoa os treinadores que não vencem. Domènec Torrent ganhou dos seus chefes um tempo que pode ser precioso se ele souber aproveitar.

Fonte: GloboEsporte