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PM é preso acusado de sequestrar parente de chefe da milícia de Rio das Pedras

O soldado Josiano de Souza Quintanilha, do 18º BPM (Jacarepaguá), foi preso, na última terça-feira, pelo sequestro de um parente do chefe da milícia de Rio das Pedras, Maurício Silva da Costa, o Maurição. Agentes da Delegacia Antissequestro (DAS) e da Corregedoria da PM cumpriram um mandado de prisão temporária, expedido pelo Plantão Judiciário, contra o PM. O crime aconteceu no fim de semana passado. O homem foi capturado próximo à comunidade, na Zona Oeste do Rio, por pelo menos três criminosos, que exigiram dinheiro para liberá-lo.

O parente do miliciano foi liberado após parentes entregarem o valor. O caso, entretanto, foi denunciado à DAS na segunda-feira. O PM foi identificado por testemunhas e graças a provas encontradas durante uma perícia feita no carro usado pelos sequestradores. A investigação continua em andamento para identificar os outros responsáveis.

Quintanilha é policial militar há apenas cinco anos e trabalhava justamente no quartel responsável pelo patrulhamento de Rio das Pedras. O soldado dava expediente no Posto de Policiamento Comunitário (PPC) da Covanca, outra favela da região dominada atualmente pela milícia. O PM já foi encaminhado à Unidade Prisional da PM, em Niterói.

Maurição também é policial militar — tenente reformado — e, atualmente está preso na Penitenciária Federal de Mossoró, no Rio Grande do Norte. O miliciano, no entanto, chegou a ocupar uma cela do presídio da PM de janeiro até março do ano passado.

PM foi preso nesta terça-feira
PM foi preso nesta terça-feira Foto: Reprodução

Ele foi transferido para o sistema federal por decisão da Justiça após o Ministério Público descobrir que, mesmo atrás das grades, Maurição conseguia informações sobre Rio das Pedras por um parente, também policial militar, que fazia visitas recorrentes ao preso. Maurição foi um dos alvos, em janeiro do ano passado, da Operação Intocáveis, da Delegacia de Homicídios (DH) e do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), do Ministério Público do Rio.

A investigação que culminou na ação concluiu que o tenente reformado era o chefe da quadrilha que extorquia moradores e comerciantes, matava desafetos e quem não respeitava as ordens da milícia e explorava grilagem de terras e construção ilegal de imóveis nas favelas de Rio das Pedras e da Muzema. Quando foi capturado, Maurição disse aos agentes: “Rapaz, deixa disso, não vai acontecer nada”.

Outro integrante da quadrilha identificado foi o ex-capitão Adriano da Nóbrega, morto este ano durante operação da PM da Bahia. Procurada, a PM afirmou que “um procedimento apuratório foi instaurado pela 2ª Delegacia de Polícia Judiciária Militar (DPJM) para averiguar as circunstâncias do caso”.

Fonte: Jornal Extra