Jornal Povo

Em mensagens, filho de Flordelis preso por morte de pastor tenta incriminar irmão

Uma troca de mensagens deixou claro para os investigadores da Delegacia de Homicídios de Niterói e São Gonçalo (DHNSG) a existência de um plano para tentar atrapalhar as investigações sobre a morte do pastor Anderson do Carmo e também para incriminar Lucas Cézar dos Santos, um dos filhos adotivos da deputada federal Flordelis dos Santos. Logo após o crime, Flávio dos Santos Rodrigues, filho biológico da parlamentar que está preso acusado de atirar no padrasto, tentou acusar o irmão do assassinato de Anderson.

O plano, apontam as investigações, foi articulado por Flordelis e seus filhos. A defesa da parlamentar, acusada de ser a mandante da morte de seu marido, nega envolvimento no crime. O EXTRA teve acesso ao relatório dos dados extraídos do celular que era usado por Lucas. Às 5h25 do dia 16 de junho, duas horas após o crime, Flávio envia uma mensagem para o irmão questionando o envolvimento dele com o assassinato: “Lucas, foi você que atire (sic) no Niel aqui? Mano, ele estava com minha mãe”, escreveu. Niel era o apelido de Anderson.

Em seguida, Flávio afirma que quase “pegaram” Flordelis e questiona Lucas. “Mano, você veio aqui. Passou dez minutos. Barulho de tiro. Minha mãe gritando. Quase pegaram ela. Foi alguém de você?”, escreveu.

Conversa entre Flávio e Lucas
Conversa entre Flávio e Lucas Foto: Reprodução

No relatório final do inquérito, os investigadores frisaram que ao falar com Lucas, além de tentar incriminá-lo, Flávio narrou uma versão que nunca foi apresentada por nenhuma testemunha à polícia, de que Flordelis estaria perto da vítima no momento em que ela foi baleada.

Diante dos questionamentos do irmão, Lucas aparenta desconhecimento da situação e pergunta o que havia acontecido. Confrontado pelo irmão, Lucas rebate: “Tá mlc (maluco), cara”. Flávio, então, responde: “Não mente. Você é meu irmão”.

Na DHNSG, Flávio acabou admitindo que foi o responsável por atirar em Anderson na garagem da casa da família, em Pendotiba, Niterói, na Região Metropolitana do Rio. Ele ainda acusou Lucas de ter lhe ajudado a comprar a arma do crime na favela Nova Brasília, no Complexo da Maré, Zona Norte do Rio.

Ambos já respondem a processo pelo crime na 3ª Vara Criminal de Niterói. A tese da defesa de Flávio é de que ele assumiu o crime pois foi pressionado. No próximo dia 29, ele será ouvido em audiência do processo, o que ainda não ocorreu.

Para os investigadores, o plano de incriminar Lucas e livrar Flávio de qualquer responsabilidade ficou ainda mais evidente com a fraude de uma carta que chegou às mãos de Flordelis em setembro do ano passado. Na correspondência, Lucas mudou sua versão sobre o assassinato, inocentando Flávio e a mãe de participação no crime.

O rapaz acabou admitindo, em depoimento, que apenas copiou um texto que já chegou pronto para ele na prisão. A polícia concluiu que a carta foi um plano de Flordelis no intuito de atrapalhar as investigações.

No último dia 24, Flordelis virou ré, acusada de ser a mandante da morte de Anderson. Outros cinco filhos e uma neta da deputada foram presos. Lucas e Flávio já estão atrás das grades desde junho do ano passado. Lucas, filho adotivo de Flordelis, tem envolvimento com o tráfico de drogas e completou 18 anos dias antes do crime.

Conversa entre Flávio e Lucas
Conversa entre Flávio e Lucas Foto: Reprodução

Fonte: Jornal Extra