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Odair cobra regularidade ao Fluminense e lamenta gol só no fim: “Muito tarde para o empate”

derrota por 2 a 1 para o Flamengo (veja os melhores momentos no vídeo acima) e a atuação ruim do Fluminense na noite desta quarta-feira, no Maracanã, não foi considerada de toda ruim por Odair Hellmann. Em entrevista coletiva por videoconferência após a partida, o técnico tricolor elogiou o segundo tempo da equipe no clássico e lembrou a etapa inicial do revés por 3 a 1 para o São Paulo no último domingo para cobrar mais regularidade do time:

– Acho que a gente precisa o mais rápido possível conseguir a regularidade dos tempos distintos que estamos fazendo. Contra o São Paulo fizemos um ótimo primeiro tempo, depois tomamos dois gols muito rápido e você acaba nem entrando novamente na partida. Com placar adverso, acaba tendo que se expor, gera facilidades para o adversário conseguir o placar. E hoje da mesma forma, logo no início tomamos um gol, ainda estávamos buscando ajustes de movimento, compactação ofensiva, e levar o gol gera confiança para o adversário.

– A gente até se restabeleceu um pouco até levar o segundo gol. Voltamos para o segundo tempo e acho que fizemos um bom segundo tempo. Conseguimos fazer o gol com bastante insistência de posse, de tentar chegar. Acho que finalizamos mais que o Flamengo, mas as finalizações certas foram menores. Temos que melhorar nesse quesito. A posse foi igual, fomos buscar o resultado, mantivemos nossa organização, fomos na insistência, através do nosso jogo, mas conseguimos o gol muito tarde para buscar o empate. Tivemos volume, posse, chegamos no último terço do campo, finalizamos… Os detalhes têm ocorrido para o adversário.

“Da mesma forma que na sequência de vitórias fiquei equilibrado para não achar que estava tudo certo, nesse momento de duas derrotas não acho que esteja tudo errado. É trabalhar, ver onde melhorar, observar e passar ao grupo para ter mais concentração nos detalhes, não há tempo de treinar. Para que não dê esse tipo de oportunidade ao adversário, ter correr atrás do placar é sempre mais difícil. Mas o segundo tempo hoje e o primeiro contra o São Paulo foram ótimos tempos”.

Estacionado com 11 pontos na tabela, o Fluminense caiu para o nono lugar e ainda pode perder mais posições no complemento da rodada nesta quinta-feira. O Tricolor volta a campo no próximo domingo, quando recebe o Corinthians às 16h (de Brasília), novamente no Maracanã, pela 10ª rodada do Campeonato Brasileiro.

Confira outros trechos da entrevista:

FLAMENGO MUITO SUPERIOR

– Respeito as avaliações de todos vocês. Se você pegar os números, eu como profissional tenho que observar os números, mas eles não são um fator determinante, são mais um componente. Tenho que ficar com meu “feeling” de campo, o que senti e visualizei, que é diferente dos números frios. Nos números frios, parece ser um jogo equilibrado. O que diferenciou talvez? A definição do Flamengo mais em direção ao gol. Claro que no segundo tempo nos expusemos e isso acaba gerando espaços.

– Para um time de velocidade e qualidade, parece que fica perigoso. E realmente fica, mas a gente precisa ir buscar o placar. Essa coragem que precisa ter em um momento de adversidade desses. Não estou falando que o Flamengo não tenha merecido vencer, mas nós levamos o gol muito cedo, nos equilibramos, mas eles com domínio, posse, o placar foi muito adverso no primeiro tempo. E nós tivemos mais superioridade no segundo tempo, mas ficamos mais expostos ao contra-ataque. É pegar coisas boas que produzimos no segundo tempo de hoje e no primeiro tempo do São Paulo.

PRECISA DE REFORÇOS?

– Todos sabem a dificuldade que o Fluminense tem, dessa reconstrução financeira que o clube precisa ter e atinge todos os aspectos. O presidente vem se empenhando ao máximo desde o primeiro dia que estou aqui, dando todas as condições, estrutura, até o que não pode para seguirmos fortes. Eu não falo de contratações publicamente, mas falamos todos os dias sobre.

– O Fluminense tem que sempre estar aberto a oportunidades, o mercado não é fácil. O mercado sul-americano está fechado, e o interno não é fácil. É ter criatividade como temos desde o início. Se surgir uma oportunidade dentro das condições, nós faremos. Não dá para se precipitar e fazer com pressa porque assim você não tem as melhores escolhas.

QUEDA DE PRODUÇÃO

– Acho que o empate pode entrar tanto positivo quanto negativo, depende como você olha. Pode falar que são quatro jogos sem perder, ou três jogos sem vencer. Eu faço uma observação de partida à partida. Pelas circunstâncias que foi contra o Atlético-GO, que transformam qualquer jogo, e esses dois últimos jogos com enfrentamento com equipes muitos fortes, fizemos dois jogos iguais, mas não tem se concretizado no placar.

– Precisamos conseguir manter a regularidade nos 90 minutos, com uma média alta para que os detalhes contra nós nos favoreçam, como nas três partidas em que vencemos. É trabalhar já amanhã para acontecer no próximo domingo. Ter um equilíbrio em todos os momentos e buscar a retomada o mais rápido possível. Sentaremos com todos, fisiologia, equipe médica, parte física, porque tem jogadores terminando os jogos com muito cansaço pela repetição que está acontecendo. Vamos ver para domingo os que estiverem em melhores condições para buscar a vitória.

NOVO ESQUEMA

– Não foi uma improvisação (do Nenê), não teve mudança de sistema, a gente já utilizou. O Nenê fez a função que tem que fazer de meia, colocamos dois de velocidade pelo lado. Isso só no momento defensivo que se consegue visualizar, mas no momento ofensivo todos os três tinham liberdade de movimentação, de infiltração. O gol foi muito rápido para fazer uma observação do sistema. Claro que temos pouco tempo para treinar esses movimentos, temos um treino de 15 minutos e sem confronto para que se corrija os passes, o sistema. A questão de visualizar esses movimentos acho que aconteceram, mas já com a situação adversa no placar.

– Acredito que para fazer uma avaliação do sistema e das escolhas, se não toma o gol é outro tipo de jogo. O gol não passou especificamente por uma questão de sistema. Estamos tomando alguns gols que não podemos tomar, precisamos corrigir rapidamente para que o jogo se desenvolva e a gente visualize se o sistema está funcionando e a característica dos jogadores. É difícil sair perdendo de 2 a 0 contra um adversário tão qualificado e se expor como nos expusemos. Tentamos jogar, até por isso fomos agraciados pelo menos com um gol. Não deu para reverter o placar, mas é exaltar a atitute e vontade dos jogadores.

MURIEL FALHOU?

– As falhas aqui no Fluminense são coletivas, da equipe. Tudo que tiver que ser corrigido individualmente, independente do nome do jogador, faço internamente no dia a dia com trabalho, conversa, cobrança… Os erros foram coletivos, o erro maior é do treinador. Os jogadores tentaram o melhor e não conseguiram o placar. Erros na partida acontecem na linha, no gol, o futebol é um jogo de erros. Precisamos corrigir o máximo deles para reverter o placar a nosso favor. Mas não individualizo erro. Eu que sou o comandante, se alguém errou fui eu.

NÍVEL DE EVOLUÇÃO

– Acho que encontramos uma ideia, maneiras diferentes dentro do nosso conceito central de posse, construção e de jogo de compactação. Agressividade no setor sem a bola. Essa sequência de vitórias mostrou um equilíbrio maior nosso dentro dos 90 minutos. Nesses dois últimos jogos a gente oscilou, e nesse nível de confronto é ruim, o adversário aproveita e gera toda a dificuldade que nos gerou. Penso que no campeonato todos já oscilaram ou vão oscilar. Esse ano está mais complicado de treinar, recuperar… Vai acontecer com outras equipes. Quem conseguir um equilíbrio, sem tempo de treinar e recuperar, vai disputar na parte de cima. Temos que estar atentos para não deixar desgarrar, não ficar longe da pontuação, e buscar essa regularidade o mais rápido possível.

Fonte: GloboEsporte