Jornal Povo

Processo eleitoral deste ano no Rio de Janeiro vira caso de polícia após várias operações

Na última semana, o cenário político carioca foi balançado por mais uma avalanche de ações contra a corrupção endêmica na política do Rio. Na terça-feira, o ex-prefeito e candidato Eduardo Paes (DEM) foi surpreendido por buscas e apreensões e foi declarado réu na Justiça Eleitoral por corrupção passiva, lavagem de dinheiro e falsidade ideológica eleitoral.

Na quinta-feira, foi a vez de o prefeito Marcelo Crivella (Republicanos) receber a Polícia Civil e o Ministério Público na sua casa, onde realizaram buscas e apreensões por conta de um suposto esquema de corrupção. Ontem foi a vez da pré-candidata Cristiane Brasil (PTB), presa preventivamente. Às vésperas de eleições municipais, especialistas avaliam que houve uma criminalização do processo eleitoral.

Para o cientista político Paulo Baía, a escolha de representantes municipais não será pautada por políticas públicas, mas sim na ficha criminal de cada candidato. “Pelo fato de ocorrerem essas operações, elas se transformam no eixo da campanha. Não estamos mais discutindo campanha eleitoral, debatendo a questão dos transportes e da mobilidade urbana”, destaca. Baía ressalta que a sombra da criminalidade dos candidatos à Prefeitura do Rio vai perdurar até o segundo tudo, e já está interferindo no posicionamento do eleitorado carioca, que vai decidir por quem é “menos bandido” e “menos corrupto”.

Os especialistas, entretanto, avaliam que deflagração dessas ações tão próximo às eleições municipais não foi coincidência, argumento sustentado pelos acusados. O advogado eleitoral Luiz Paulo Viveiros de Castro é enfático: “Claro que não se pode dizer que é uma coincidência essas operações estourarem às vésperas de uma eleição, mas é bom para o eleitorado saber quem foi condenado e por quê”. 

Apesar da suposta coincidência, Castro destaca que seria muito improvável haver a prisão tanto de Paes quanto de Crivella, dado que o processo ainda está na fase de inquérito. O advogado destaca que, diante dos fatos apresentados, nenhuma das candidaturas pode ser impedida. 

Fonte: O Dia