Jornal Povo

Após alianças desfeitas e novos apoios, Rio já tem 13 candidatos a prefeito

RIO — A menos de uma semana do fim do prazo das convenções partidárias, 13 candidatos já foram lançados à prefeitura do Rio, em meio a alianças formadas e desfeitas de última hora. Por motivos variados, quatro pré-candidatos que haviam sido apresentados em seus partidos no último mês desistiram de disputar esta eleição. O bloco de esquerda também sofreu novo revés, com o fim da aliança entre o PDT e a Rede. Ambos agora tentam o apoio do PSB, que integrava o grupo desfeito. Também houve divergências internas no PSOL durante o fim de semana.

Atingidos por denúncias na semana passada, o prefeito Marcelo Crivella (Republicanos), apoiado por sete partidos, e seu antecessor, Eduardo Paes (DEM), com seis siglas na coligações, reúnem o maior número de apoios numa eleição que terá várias candidaturas “puro sangue”.

A corrida eleitoral no Rio Foto: Editoria de Arte
A corrida eleitoral no Rio Foto: Editoria de Arte

O PSL foi um dos partidos que passaram por mudanças repentinas nos últimos dias. A legenda confirmou no sábado o deputado federal e ex-nadador Luiz Lima à prefeitura, substituindo o então pré-candidato Rodrigo Amorim. A decisão de lançar Lima foi uma reviravolta no partido, que também havia acenado com apoios a Crivella e a Paes, mas optou pela candidatura própria após ambos serem alvos de operações. Lima, no entanto, já foi avisado pelo senador Flávio Bolsonaro que não poderá usar o nome do presidente Jair Bolsonaro na campanha.

Sem o PSL, Crivella segue com Patriota, Progressista, PMN, Solidariedade, Podemos, PTC e PRTB, enquanto Paes mantém em sua aliança PL, PSDB, Cidadania, PV, DC e Avante. Além de Amorim, também retiraram suas pré-candidaturas Cabo Daciolo (PL), Marcelo Calero (Cidadania) e Paulo Marinho (PSDB), após seus partidos optarem pelo apoio a Paes.

O PSL articulou até a última sexta-feira um apoio à candidatura de Crivella, que desejava ter um vice do PSL. O prefeito recebeu uma lista de quatro nomes do partido para escolha. As conversas, no entanto, se encerraram depois que o Republicanos não aceitou apoiar a candidatura do delegado Fernando Francischini (PSL) à prefeitura de Curitiba, condição que havia sido posta pela direção nacional do PSL.

Luiz Lima, o candidato no Rio, tem diálogo com a chamada “ala bivarista” do partido, alinhada ao presidente da legenda, Luciano Bivar, e também com integrantes mais próximos ao presidente Jair Bolsonaro, que vem oferecendo um apoio velado a Crivella. O Republicanos também conseguiu a filiação do vereador Carlos Bolsonaro, candidato a novo mandato.

— Em relação ao apoio da família Bolsonaro, tenho certeza que despertei a confiança não só da família, mas dos 115 mil eleitores que votaram em mim para deputado federal. Nunca pedi a nenhum adversário nos meus tempos de natação para não competir, então ninguém pode tirar meu direito de competir também. Quero conquistar o eleitor carioca, não só o eleitor de direita — afirmou Lima.

Freixo desiste outra vez

O deputado federal Marcelo Freixo (PSOL), que havia desistido em maio de ser candidato à prefeitura do Rio, chegou a avaliar nos últimos dias voltar à disputa eleitoral após as operações do Ministério Público contra Eduardo Paes e Marcelo Crivella. No último sábado, porém, ele confirmou que não voltará ao páreo, mesmo após um abaixo-assinado feito por membros da classe artística pedir que reconsiderasse a decisão. A intenção de Freixo esbarrou em divergências no próprio PSOL, que anunciou a candidatura de Renata Souza em convenção municipal.

Deputados, vereadores e apoiadores do PSOL se opuseram à ideia, em defesa da candidata já anunciada. Uma das críticas era que trocar o nome já lançado seria incoerente com a defesa pelo PSOL de dar maior representatividade a mulheres e negros na política. Em maio, quando anunciou que não concorreria, Freixo apontou a dificuldade de construir uma frente unificada de partidos de esquerda era o principal motivo de sua decisão.

Confirmada no sábado como candidata do PDT à prefeitura, a deputada estadual Martha Rocha afirmou que não haveria chance de retirar seu nome da disputa mesmo se Freixo voltasse a concorrer. A mesma avaliação foi feita em caráter reservado por dirigentes do PT ao GLOBO.

— O Freixo precisava resolver internamente no PSOL essa questão antes de pedir publicamente a união das esquerdas — disse Martha.

Frente desfeita

O lançamento da candidatura de Martha Rocha durante o fim de semana pelo PDT incomodou a Rede, que desfez a aliança eleitoral com o partido no Rio. Há três meses, PDT e Rede haviam lançado uma frente de centro-esquerda junto com o PSB, com o acordo de que formariam uma chapa unindo a deputada estadual e ex-chefe da Polícia Civil Martha Rocha e o ex-presidente do Flamengo Eduardo Bandeira de Mello (Rede). Em nota, a Rede informou que a decisão do PDT foi tomada “antes de encerrar a pesquisa encomendada pela frente Rede-PDT-PSB para definir quem seria o candidato em melhores condições”, entre Martha e Bandeira de Mello.

Bandeira conversou nas últimas semanas com aliados de Eduardo Paes (DEM), mas ainda deseja ser candidato pela Rede ou compor uma chapa com o PSB. Como a chapa de Eduardo Paes já tem vice definido — Nilton Caldeira, do PL, um dos fundadores do partido, anunciado na última quarta-feira —, a sondagem feita entre interlocutores de Bandeira e do ex-prefeito não avançou.

Fonte: O Globo