TRE-RJ decidiu por unanimidade a sentença. Crivella só segue na disputa pela reeleição se seus recursos forem aceitos.
O prefeito Marcelo Crivella, do Republicanos, está inelegível até 2026. A decisão ocorreu nesta quinta-feira (24) por unanimidade pelo Tribunal Eleitoral do Rio (TRE). Ele já tinha sido julgado inelegível, mas o desembargador Vitor Marcelo Rodrigues o concedeu recurso. Crivella só sai da disputa pela reeleição se se esgotarem todos os recursos.
No dia 10 de setembro, a Polícia Civil e o Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) fizeram uma operação contra irregularidades em contratos firmados com a Prefeitura do Rio. Foram 22 mandados de busca e apreensão, cumpridos em endereços ligados ao prefeito Marcelo Crivella (Republicanos), servidores, empresários e à administração municipal. Um dos celulares e um pendrive de Crivella foram apreendidos.
Dentre os endereços alvos, estavam a residência de Crivella, na Península, na Barra da Tijuca, na Zona Oeste, o Palácio da Cidade, residencial oficial da prefeitura, em Botafogo, na Zona Sul, e o Centro Administrativo São Sebastião, sede do Executivo Municipal, na Cidade Nova.
OPERAÇÃO HADES
A ação é um desdobramento da Operação Hades, deflagrada no dia 10 de março deste ano, que investiga a existência de uma possível organização criminosa e esquema de corrupção na prefeitura. Na ocasião, foram cumpridos 17 mandados de busca e apreensão na sede da Riotur, na Cidade da Música, na Barra; Jacarepaguá; Copacabana; e em Angra dos Reis, na Região da Costa Verde.
Dentre outros locais, os agentes estiveram em endereços ligados ao então presidente da Riotur, Marcelo Alves, na Barra, e Rafael Alves. Marcelo foi exonerado do cargo logo depois da ação.
A investigação teve como ponto de partida a delação premiada do doleiro Sérgio Mizrahy, preso na Operação Câmbio Desligo, um dos desdobramentos da Lava Jato fluminense, realizada em maio de 2018. Veio dele a expressão QG da Propina para se referir ao esquema, que teria como operador Rafael Alves, homem forte da prefeitura apesar de não ter cargo oficial.
Procurada pela reportagem, a prefeitura informou que Marcelo Crivella vai recorrer da decisão, e estuda um pedido de anulação da votação no Tribunal Regional Eleitoral (TRE), “visto que um dos desembargadores, Gustavo Alves Pinto Teixeira, votou, mas é, ao mesmo tempo, advogado da Lamsa, concessionária contra a qual o prefeito entrou na Justiça para pôr fim ao pedágio da Linha Amarela.”
“O advogado Gustavo Teixeira havia se declarado impedido de votar, mas mudou de posição, apesar do conflito de interesses entre a sua cliente, Lamsa, e o prefeito. Note-se ainda que, após decisão judicial, Crivella abriu as cancelas do pedágio na Linha Amarela, tornando-o gratuito durante a pandemia. Isso, enquanto, por dia, a Lamsa faturava R$ 1 milhão com a cobrança abusiva”, dizia parte da nota.