A “Cozzolândia” está de volta. Família que permaneceu à frente da Prefeitura de Magé, na Baixada Fluminense, por quase duas décadas, os Cozzolino querem recuperar o poder com a candidatura a prefeito do deputado estadual Renato Cozzolino (PP), sobrinho da ex-deputada estadual e ex-prefeita Núbia, afastada do último cargo em seu segundo mandato por improbidade administrativa. Para tornar realidade o retorno da família, o parlamentar terá duas frentes de disputa: uma nas urnas contra os adversários e outra no Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
A Justiça Eleitoral fluminense condenou Renato duas vezes neste ano, uma por abuso de poder econômico e outra por infidelidade partidária, determinando a cassação do mandato e a inelegibilidade. Hoje o deputado se sustenta na Assembleia Legislativa (Alerj) com recurso no TSE, mesma saída para levar à frente sua campanha.
Renato é filho da ex-deputada Jane Cozzolino, cassada em 2008 por falta de decoro. Ela foi acusada de integrar um esquema de desvios do auxílio-educação, concedido pela Alerj. O candidato do PP ainda é neto do ex-prefeito Charles Cozzolino, que também chegou a ser afastado do cargo por irregularidades, e sobrinho de um prefeito interino, Anderson Cozzolino, que assumiu no lugar de Núbia. À época ele era presidente da Câmara Municipal. Os Cozzolino tiveram ainda outros dois prefeitos: Renato e Renato Sobrinho.
Enquanto estiveram à frente do município, desde os anos 1980, os Cozzolino perpetuaram o sobrenome da família, que foi parar em escolas municipais, postos de saúde, ruas e no terminal rodoviário. Adversários políticos apelidaram o reduto eleitoral de “Cozzolândia”.
Apesar de divergências internas, a família se uniu neste ano em torno da candidatura de Renato. Mas foi Núbia quem tomou a frente da campanha como principal cabo eleitoral. Enquanto esteve na Alerj, entre 1995 e 2004, a ex-deputada promoveu na cidade uma política assistencialista e ficou conhecida por sua frota de ambulâncias e carros funerários com serviços gratuitos. Na época, era comum encontrar veículos que serviam ao serviço social de Núbia levando doentes para hospitais em cidades vizinhas como Petrópolis e Teresópolis, na Região Serrana.
Na prefeitura, Núbia ampliou programas sociais e investiu em asfalto, estratégia comum na Baixada. Ao mesmo tempo, enfrentou denúncias de fraudes em sua administração e acabou renunciando. Ao longo de sua vida pública, a ex-prefeita já foi presa e detida diversas vezes. Foi acusada de envolvimento na venda de combustível adulterado e de ocultar documentos de investigação promovida pelo Ministério Público. Apesar de todas as confusões, Renato aposta na popularidade da tia para ter sucesso nas urnas.
— Minha tia foi a prefeita que mais obras fez em Magé. É claro que se eu for eleito ela terá um cargo em meu governo. Todos da família estão envolvidos na minha campanha. Não colocarei todos lá. Só um nome é certo, o de minha tia. Digo que sou o candidato da inovação e da experiência. Não fui prefeito, mas ela foi, por isso inovação e experiência — explica o parlamentar, que espera ajuda divina para se manter no páreo da eleição municipal em Magé: — Se papai do céu deixar, o meu recurso no TSE vai ser aceito e eu vou ganhar a eleição deste ano.
Fonte: Jornal Extra