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Taxa de desemprego atinge 13,8% e falta trabalho para 32,9 milhões de brasileiros, aponta IBGE

A crise no mercado de trabalho gerada pela pandemia agravou um problema antigo brasileiro: pouca oferta de vagas para uma demanda cada vez maior. Dados da Pnad Contínua, divulgada nesta quarta-feira pelo IBGE, mostra que entre abril e julho faltou trabalho para 32,9 milhões de brasileiros. Trata-se do patamar mais alto da série, iniciada em 2012.

Desemprego julho/2020 — Foto: Economia G1
Desemprego julho/2020 — Foto: Economia G1

O pico ocorre num momento em que o desemprego também bate recorde. No trimestre encerrado em julho, a taxa de desemprego atingiu 13,8%. Cerca de 13,1 milhões de pessoas estão nessa situação.

É a maior taxa de desemprego desde o início da pesquisa, em 2012. Na comparação trimestral, a desocupação só não foi mais alta entre fevereiro e abril de 2017, auge da crise no mercado de trabalho, quando atingiu 13,6%.

A população ocupada encolheu 8,1% em 3 meses, recuando para 82 milhões, o menor contingente da série. O número representa uma redução de 7,2 milhões pessoas em relação ao último trimestre pré-pandemia e de 11,6 milhões na comparação anual.

País perde 7,2 milhões de postos de trabalho em 3 meses  — Foto: Economia G1
Variação de vagas por setor — Foto: Economia G1

O cálculo da falta de trabalho é feito a partir do que o instituto chama de subutilização. É o grupo que reúne que reúne os desempregados, os que trabalharam menos horas do que poderiam e os que estavam disponíveis para trabalhar mas não procuravam uma vaga.

Entre os subutilizados, o número avançou 4,2 milhões comparado ao período anterior a pandemia. No trimestre encerrado em fevereiro, 28,7 milhões de pessoas, o equivalente a 25,6% da força de trabalho, estavam nesse grupo que almeja uma oportunidade. Nos três meses encerrados em julho, esse percentual atingiu 30,1%.

A demanda baixa da economia nesse período fez com que houvesse mais demanda do que oferta de postos. Com isso, a busca por emprego cresce em ritmo superior ao número de pessoas empregadas, levando ao aumento da taxa de desocupação.

Variação de vagas por setor  — Foto: Economia G1
País perde 7,2 milhões de postos de trabalho em 3 meses — Foto: Economia G1

A população ocupada recuou para 82 milhões, o menor contingente da série. São 7,2 milhões pessoas em relação ao último trimestre pré-pandemia. No entanto, pode indicar uma desaceleração da perda de empregos. Entre abril e junho, cerca de 9 milhões de pessoas saíram da ocupação

— O ritmo dessa perda parece ser menor do que aquele que ocorreu e vinha ocorrendo. Eu vinha mês a mês com perdas cada vez maiores, agora a perda cai para 7,2 milhões. Isso pode indicar um movimento de retorno de pessoas na ocupação — ressalta Adriana Beringuy, analista do IBGE.

Especialistas afirmam que o desemprego deverá continuar crescente nos próximos meses, diante da redução do efeito renda positivo associado ao auxílio emergencial e da continuidade do processo de melhora nos indicadores econômicos, com mais pessoas buscando uma vaga e saindo do desalento.

O desalento, composto pelo trabalhador que nem procurou vaga na semana, porque não achou que conseguiria bateu recorde, atingindo 5,8 milhões de pessoas.

Levantamento feito pelo economista Bruno Imaizumi, da LCA Consultores, mostra que há uma relação inversa entre taxa de desocupação e taxa de isolamento social. Ou seja, à medida que o indicador de distanciamento cai, o desemprego sobe.

A expectativa é que o pico de desemprego ocorra em meados em 2021, quando as medidas emergenciais forem completamente interrompidas.

Apesar de também avaliar o mercado de trabalho, a Pnad Contínua não é comparável com os dados da Pnad Covid, pesquisa semanal de emprego do IBGE. As metodologias das duas pesquisas são distintas.

Fonte: Jornal Extra