Foi um jogo para mostrar que, apesar do pessimismo de boa parte da torcida do Fluminense, jogar contra o lanterna tem suas vantagens. Ao invés de uma zebra, o que os tricolores viram foi seu time, mesmo com muitas limitações, se aproveitar das fragilidades do Goiás para emplacar uma goleada de 4 a 2 fora de casa.
Foi a segunda goleada dos tricolores nas últimas três rodadas, o que alçou a equipe de Odair Hellmann ao posto de segundo melhor ataque do Brasileiro, com 21 gols. Mas o salto mais importante foi na tabela. Com 21 pontos, a equipe chegou a sexta colocação e retornou a zona de classificação para a Libertadores.
Apesar do espaço que o Goiás ofereceu para ser trabalhado, o Fluminense mostrou não saber como fazer a bola chegar até a área esmeraldina. As principais tentativas eram pela linha de fundo. Só que o time só investia pela direita, onde nem Fernando Pacheco e nem Igor Julião acertavam no terço final do campo. Pela esquerda, os problemas eram outros. Yago Felipe não sabe jogar como ponta. Já Danilo Barcelos ficou muito preso atrás e praticamente não foi visto no campo do adversário.
Os tricolores sentiram demais a ausência de peças que atuassem entre as linhas de marcação. Michel Araújo, um dos que normalmente consseguem fazer isso, cumpriu suspensão. Outro que costuma proporcionar essa solução é Dodi. Mas, por decisão técnica, o volante atuou mais entre os zagueiros, iniciando a saída de bola.
Com tanta dificuldade para criar, o gol de Rafael Moura, aos 21, aumentou ainda mais o drama dos tricolores. Ex-Fluminense, o centroavante finalizou cruzado o lançamento de Vinícius, tirando do alcance de Muriel. Na comemoração, chorou ao lembrar da morte de sua mãe, na última sexta.
Num confronto de tão pouca qualidade criativa dos dois lados, só a “lei do ex” para evitar o marasmo. Aos 40, Hudson ajeitou de primeira para Yago Felipe fuzilar o gol de Tadeu. O volante, que no ano passado disputou a Série B pelo Goiás, só mirou a bola e nem viu para onde estava chutando. Mas acertou belo chute.
– Fico feliz pelo gol, por estar voltando aqui. Quando estive aqui, sempre dei o meu melhor. Não ia ser diferente com as cores do Fluminense – afirmou Yago.
A etapa final continou marcada pela pouca qualidade, mas nenhum tédio. Ao contrário do que ocorre normalmente, Caio Paulista entrou bem na partida. Foi dele o cruzamento para Fred marcar, aos 6, de cabeça. Um gol especial para o centroavante, que completou sua partida de número 300 com a camisa tricolor.
Quando o Goiás voltou a pressionar, Digão pôs a mão na bola. Pênalti que Rafael Moura converteu, aos 21. Menos mal que, três minutos depois, Hudson roubou a bola em um momento de desatenção do adversário e acionou Nenê. Da altura da meia-lua e com a área livre, ele marcou seu já tradicional gol de chapa. Foi o 18º em 2020.
O próprio Digão ainda teve a chance de se redimir. Aos 30, ele errou a cabeçada após cobrança de falta de Danilo Barcelos. Mas teve tempo de concluir com os pés.
Fonte: Jornal Extra