Jornal Povo

Educação remota: adaptação emergencial da Educação à Distância

A covid-19 trouxe grandes impactos, também, na educação brasileira, apresentando novos desafios na formação continuada dos professores. Atualmente, devido as constantes inovações da cultura digital, muitos desses profissionais, sentem dificuldades no manuseio das novas tecnologias.

E, é assim, que os professores-youtubers, professores-editores, professores-apresentadores e professores-iluminadores surgem para atender as demandas da atual modalidade de ensino a distância, onde não se houve tempo para o preparo pedagógico das ações didáticas da sala de aula, que deixou de ser física e passou a ser digital.

Pensando nisso, para tratar dos impactos da pandemia na educação, convidamos Leandro Monteiro, pedagogo de Nova Iguaçu com experiência na gestão educacional, para refletir sobre as suas preocupações com os estudantes e para saber como ele avalia as ações emergenciais que estão sendo adotadas.

Leandro Monteiro

“É sempre motivo de debate a eficiência das ações pedagógicas implementadas – as aulas remotas -, para o retorno das aulas presenciais, quando o período pandêmico acabar. Sendo necessário refletir sobre: planejamento pedagógico, comunicação com as famílias ainda mais intensa e próxima à comunidade escolar, avaliação diagnóstica para identificar os níveis de aprendizagem dos alunos e, assim, identificar em quais turmas cada um vai ficar, formação continuada dos professores, calendário escolar – dentre outras estratégias -, serão fundamentais para o retorno da discussão de uma educação gratuita e de qualidade para todos!” afirma Leandro Monteiro, que há treze anos atua em espaços de formação não-escolar.

No decorrer da nossa entrevista, ele ainda enfatiza que haverá a necessidade de buscarmos conhecimento junto aos países que viveram a educação pós-guerras e pós-pandemias. “Precisaremos acionar as vivências de outros países, visando sempre a garantia de uma educação de qualidade para todos, repensando a educação a partir de uma conexão de gerenciamento nacional. E, isso se faz, com politicas públicas que busquem uma conexão entre os atores da comunidade escolar e poder público”.

Pesquisa do Datafolha mostra que 74% das escolas da rede pública no Brasil possuem algum tipo de atividade didática de ensino. Ou seja, um a cada quatro estudantes não tiveram acesso a nenhuma atividade desde que as escolas fecharam no país.

“É sempre bom deixar claro que a educação, no Brasil, ainda apresenta suas históricas desigualdades e quando se analisa, os impactos da covid-19, não é diferente. Assim, na região Norte em comparação com as regiões Sul e Sudeste, por exemplo, o abismo é gigantesco. Dessa maneira, caberá aos gestores públicos educacionais firmeza no enfrentamento ao déficit criado pelos entraves de acesso ao conteúdo e ao aprendizado, principalmente, dos estudantes de grupos minoritários no retorno as aulas presenciais”, pondera.

Lembrando que o conceito de atividade remota pode deixar escapar ou tirar a atenção daquilo que realmente está acontecendo com a nossa educação brasileira: estamos concomitantemente adequando princípios da educação a distância às necessidades educacionais emergências da pandemia. Não existiu tempo para a proposição de ações pedagógicas com o intuito de determinar um conceito de uma nova modalidade de ensino.

“Observa-se que as escolas estão conseguindo se articular, realizando atividades pedagógicas em diferentes formatos (vídeos, áudios, fotos, material impresso e on-line). Contudo, as aulas remotas podem vulgarizar a ação docente que tem sido resiliente as demandas emergências da COVID-19, com alguns êxitos e outras muitas oportunidades de melhorias. Ou seja, só saberemos como lidar, conceitualmente, com esse cenário no período de pós-pandemia”, finaliza.