SÃO PAULO – O traficante André Oliveira Macedo, conhecido como André do Rap, é apontado como um dos chefes da facção criminosa que atua dentro e fora de presídios brasileiros. Ele está foragido desde ontem, após receber um habeas corpus do ministro do Supremo Tribunal Federal, Marco Aurélio Mello, e ter o benefício revogado pelo também ministro do STF, Luiz Fux.
Já conhecido da polícia, passou seis anos preso, e foi solto em 2008. Em 18 de setembro do ano passado, foi preso novamente em Angra dos Reis, Rio de Janeiro. Segundo as investigações, sua atuação principal ocorria no litoral de São Paulo, onde coordenava envio de drogas para a Europa, misturada a cargas de exportadores que saem do Porto de Santos. No dia da prisão, no ano passado, ele foi surpreendido em uma mansão avaliada em R$ 4 milhões.
André do Rap também tinha uma residência que seria alugada por R$ 20 mil por mês, mostrou a investigação, além de helicóptero e uma lancha de luxo, avaliada em R$ 6 milhões.
O traficante se apresentava como empresário que realizava eventos, e promovia shows de funk, rap e hip hop. Também costumava patrocinar surfistas. Apesar do esquema ter sido descoberto em 2013, a buscas pelo paradeiro de André do Rap se intensificaram em abril de 2018, quando ele foi condenado em segunda instância por crimes investigados na Operação Oversea. O Tribunal Regional Federal da 3ª Região determinou uma pena de 15 anos, seis meses e 20 dias de reclusão.
Segundo a polícia, um dos crimes foi misturar 145 quilos de cocaína dentro de malas em um contâiner da Friboi, com destino ao Porto de Las Palmas, na Espanha. Em outra investigação, a quadrilha é acusada de enviar cocaína a Nápoles, na Itália, misturada em cargas de café.
As investigações mostraram que a quadrilha dividia as tarefas em células, com funções como armazenagem da cocaína antes do embarque e entrega nos navios, além de cooptação da tripulação que recebia a droga. O bando ainda recebe ajuda de estrangeiros, que retiram a cocaína dos containeres em cada país de destino.
Alvo da polícia
André do Rap foi solto ontem, em Presidente Venceslau, interior de São Paulo. Ele cumpria prisão preventiva na cidade, mas já tinha condenação em primeira instância a 14 anos de reclusão. A pena foi reduzida na segunda instância a 10 anos.
O ministro Marco Aurélio Melo entendeu que a prisão preventiva do traficante por mais de um ano desrespeitava o previsto na lei, e o liberou. À noite, Luiz Fux suspendeu a decisão de Marco Aurélio a pedido da Procuradoria-Geral da República (PGR), destacando a necessidade de proteger a ordem e a segurança pública.
Uma equipe de investigadores teria seguido André do Rap de forma velada, após sua soltura. Ele foi de carro para Maringá, no Paraná, onde um avião particular o esperava. Policiais acreditam que ele tenha seguido para o Paraguai.
Foragido, André do Rap é alvo de uma grande operação da Polícia Civil de São Paulo, que envolve os departamentos Estadual de Investigações Criminais (DEIC), de Homicídios e de Proteção à Pessoa (DHPP) e de Operações Policiais Especiais (DOPE).
Fonte: Jornal Extra