Jornal Povo

Homem morto após ser atingido por botijão de gás era querido em Copacabana, diz porteiro

Por volta das 18h30, o porteiro João Pereira apareceu na esquina da tragédia de segunda-feira em Copacabana, na Zona Sul do Rio, para confirmar a suspeita que temia: a vítima de um botijão arremessado de um apartamento era Tronco, um morador de rua querido por todos da região. A vítima era ambulante e trabalhava no entorno. Ele foi atingido na cabeça e morreu na hora, na calçada da Rua Djalma Ulrich.

Pereira disse que não sabia o nome do amigo, conhecido apenas pelo apelido, mas que ele era natural da Paraíba, seu conterrâneo, da cidade Pedra de Fogo, fronteira com Pernambuco.

— Quando me falaram que teve um acidente peguei minha bicicleta para ver o que houve — disse Pereira, com a voz embargada. — Todo dia ele ia no prédio que eu trabalho para pedir café. Hoje ele foi lá às 14h.

Apesar de ter família no Pavão-Pavãozinho, Tronco morava nas ruas, mais especificamente em frente ao prédio do número 118 da Rua Conselheiro Lafayette, contou Pereira.

— Ele já morava aqui há 30 anos. Veio da Paraíba como peão de obras, mas depois de um tempo fico para trás. Não sabia ler e andava sempre mal vestido. Mas era uma pessoa muito do bem, não tinha problemas com ninguém. Chegou a trabalhar ajudando barraqueiros da praia, mas há um tempo passou a vender frutas e ficava nas ruas. Ganhava ajuda de muita gente , era querido por todos — explicou Pereira, que não soube precisar o motivo do rompimento de Tronco com a família.

Depois da morte do ambulante, policiais militares do 19º BPM (Copacabana) prenderam Venilson da Silva Souza, que arremessou o botijão. Segundo a sua irmã, Núbia da Silva Souza, que testemunhou o crime, Venilson sofre de transtornos mentais e arremessou o botijão e um pedaço de um fogão durante um surto.

Um usuário do Twitter chegou a fazer um vídeo de uma pessoa caída na calçada ao lado do botijão que Venilson jogou, que foi parar no meio-fio, entre um carro e um banco.

O prédio fica localizado numa região movimentada, com muitos bares próximos. Pessoas no entorno da cena do crime chegaram a dizer que ouviram gritos de discussão no prédio, mas o porteiro não confirmou a informação.

— Eu só ouvi um estrondo gigante e saí para a rua — disse o porteiro Fabiano Bernardino, de um prédio próximo, na Rua Aires Saldanha: — Parecia que ele estava sentado do lado da banca, quando caiu o botijão.

Funcionário de outro prédio próximo, Matias Alves lamentou a morte do vendedor:

— Era uma pessoa simpática e se virava vendendo frutas nas esquinas.

Fonte: Jornal Extra