Jornal Povo

Odair diz que Fluminense buscou empate na marra e lamenta nova lesão no início: “Atletas vão ao limite”

Melhores momentos: Fluminense 2 x 2 Ceará

Depois do empate em 2 a 2 com o Ceará na noite deste sábado, pela 17ª rodada do Brasileirão, o técnico Odair Hellmann abriu a coletiva de imprensa lamentando a perda de mais um jogador no início do jogo. Na última rodada, contra o Atlético-MG, Fernando Pacheco deixou o campo logo nos primeiros minutos. Dessa vez, quem se machucou e precisou ser substituído foi Yago Felipe.

– As lesões sempre acontecem no futebol, mas quando você tem uma exigência como a que está acontecendo agora, os jogadores estão muito mais propícios a lesionar. Não significa que não possam acontecer lesões quando você tem um espaço de tempo, porque os atletas vão ao limite físico. Mas quando tem essa situação de não poder fazer a melhor recuperação, todos os times e jogadores têm um risco maior. Nós tivemos um jogos de alta intensidade na quarta-feira à noite, chegamos de madrugada, treinamos um dia, 48 horas depois já estávamos dentro de campo e sofremos as consequências no jogo de hoje – afirmou o treinador, que lamentou bastante a perda de Yago Felipe:

– O Yago já estava bem adaptado aos movimentos com e sem a bola. Era um movimento já natural que vinha acontecendo e que fortalecia o meio de campo. Com a perda dele, o André entrou bem, muito bem. Mas claro que se o Yago continuasse no jogo, a gente talvez não tivesse perdido esse controle de posse de bola a partir dos 20 minutos e talvez a gente mantivesse maior essa posse, apesar da boa entrada do André, que tem característica diferente.

“Infelizmente aconteceu a lesão, como aconteceu também no Atlético-MG. Isso gerou dificuldade, mas o André está de parabéns pela partida que fez também. É mais um grande jogador que o Fluminense revela para o futebol brasileiro”, completou.

Odair expôs sua análise sobre a atuação do Fluminense e confessou que a atuação da equipe foi ruim, principalmente da metade do primeiro tempo em diante.

– A gente conseguiu imprimir nosso jogo até os 20 minutos do primeiro tempo e depois o Ceará conseguiu crescer, conseguiu criar perigo sem muitas situações claras e teve mais a posse de bola. A gente não conseguiu ter o controle através da posse e isso fez com que o adversário crescesse na partida e aí saiu o gol de bola parada. No segundo tempo, eu fiz as modificações e também do sistema para que a gente pudesse retomar o controle do jogo através da posse e do passe. Acabou não acontecendo, sai o 2 a 1 e aí você tem que se expor de tal maneira para buscar no mínimo o empate e depois buscar a virada. Acaba dando espaço para a equipe adversária, que tem uma característica de jogo de imposição física, de competição e transição rápida. Então você acaba se expondo a essas situações – analisou o treinador.

“Mas, felizmente, hoje a gente conseguiu, através de muita força, vontade e transpiração buscar o empate”, completou.

– Não é o que a gente queria. Queríamos buscar a vitória dentro de casa, esses três pontos, mas veio o empate em uma superação física e tática dos jogadores. A partir dos 35 a gente conseguiu ficar um pouco mais com esse controle para tentar buscar o empate, que saiu no fim. Mas hoje a gente não conseguiu fazer um bom jogo tecnicamente. Não conseguimos manter a situação da posse e isso acaba gerando uma situação melhor para o adversário e dificuldades para nós. Nessa semana fizemos três jogos em seis dias e isso pesou. Mas é importante a gente avaliar toda a sequência de seis jogos sem perder dentro de casa, não perdemos ainda. Mas no Campeonato Brasileiro não é suficiente, você tem que buscar pontos fora de casa, tem que ganhar fora e em casa e quanto mais fizer isso regularmente, mais fica na parte de cima da tabela, como nós estamos e nos mantivemos no G-6. Claro que a gente sai chateado por não conseguir os três pontos, mas vamos recuperar todos, treinar forte para que a gente retome as vitórias dentro de casa – concluiu Odair.

Yago Felipe, do Fluminense, deixou o campo logo no início com dores na coxa — Foto: André Durão / ge
Yago Felipe, do Fluminense, deixou o campo logo no início com dores na coxa — Foto: André Durão

Veja outros pontos da entrevista de Odair Hellmann:

Planos para a estreia de Lucca

– É readaptação ao futebol, outro tipo de treinamento, outro nível de treinamento. As substituições que eu fiz foi por jogadores de ataque: Marcos Paulo, Caio Paulista, Felipe, Ganso… Jogadores que eram para tentar resgatar essa posse nossa, essa força de manutenção de passe e de posse para que a gente pudesse retomar o controle do jogo e buscar essa vitória. Então, no final, eu coloquei os dois centroavantes porque precisávamos de uma imposição porque estávamos conseguindo chegar pelo menos aos lados do campo. O Ceará dificultava demais o centro do campo. A gente chegava até ali e precisava de uma definição melhor. Então, a opção do Felipe ali no fim. Poderia ter trazido o Marcos Paulo para dentro e ter posto o Lucca aberto ou colocado por dentro, mas a minha opção no momento era dar esse peso na área, o que foi quando aconteceu o gol porque a gente triangulou bem pelo lado e definiu. Um centroavante fez a movimentação de primeiro pau, levou a marcação, o outro escorou e a entrada surpresa do Danilo. Então, ela teve resultado. O Lucca vai ter a oportunidade dele, como todos os jogadores. Nós temos muitos jogadores na função e não consigo colocar todos ao mesmo tempo no mesmo jogo. Em algum momento vai entrar algum jogador com alguma característica, em outro momento vai entrar outro jogador com outra característica. O Lucca vai ter oportunidade também ao longo do Campeonato.

Diferenças na escalação

– Não tenho elogiado a equipe de quarta-feira, tenho elogiado a equipe nos últimos seis jogos. Independente da escalação, tenho elogiado o grupo pela performance. Nenê e Fred eram titulares e voltaram a jogar. Não foi especificamente quarta-feira. Eu elogiei também a equipe que jogou com Nenê e Fred e ganhamos do Bahia. Não tem essa diferenciação por mim.

Sabor do empate

– Na conjectura de avaliar o todo, da sequência de seis partidas com três fora de casa, buscamos um ponto contra o Botafogo fora de casa, que é um clássico, buscamos um ponto contra o Atlético-MG que todos diziam que esses três pontos estavam fora da caminhada. E se você somar esse ponto é uma vitória dentro de casa e você não ganharia do Botafogo e Atlético-MG na somatória dos pontos numa caminhada de regularidade num campeonato de 38 rodadas. Mas empatar em casa, só pela circunstância do jogo. Nós jogamos para vencer, queremos vencer. A gente não sai frustrado porque a gente ainda conseguiu buscar o empate no fim do jogo através de imposição e lutar até o fim, que é uma característica desse grupo. Mas claro que a gente gostaria de buscar a vitória. Na conjectura de toda a caminhada, é mais um ponto. Infelizmente não foram os três, mas a gente tem o próximo jogo dentro de casa para que a gente busque esses três pontos e continue no G-6, na parte de cima da tabela, buscando os primeiros lugares.

Metas e objetivos para a semana

“Aproveitar para recuperar os jogadores, fazer uma semana de treinamento forte para que a gente entre forte a cada jogo. Cada jogo ser tratado como uma final, que a gente tenha imposição em todas as fases do jogo e consiga as vitórias e boas performances e bons resultados para que a gente continue essa boa caminhada que até agora é excelente”.

Time de aspirantes

– Esse é um ótimo projeto. Jogador jovem que está fazendo a transição de base para o profissional, os que já passaram pela idade de juniores, os que não passaram ainda… Porque às vezes alguns jogadores superam etapas e fazem um movimento mais rápido. Mas o clube tem contrato com muitos jogadores que têm idade superiores ao do Sub-20 e você precisa usar esses jogadores, maturar, e quanto mais a possibilidade desse trabalho integrado, mais a gente vislumbra em fazer mais jogadores e fazer com que esses jogadores se estabeleçam dentro do Fluminense e dentro do grupo profissional. E jogador precisa jogar, principalmente jogador de base. Jogador de base que tem idade de categoria de base ou que está nessa transição ainda que não teve uma afirmação no profissional, ele precisa jogar. É importante ele jogar e o desenvolvimento só se dá com horas e momentos de jogo. Então, é fundamental que jogadores que não estão sendo aproveitados mais diretamente no profissional possam fazer esse trabalho de integração e participar do jogo para que erre, acerte, evolua, para que seja corrigido, para que tenha timing, e que mostre sua capacidade e ganhe mais espaço. Para quando receber a oportunidade no profissional esteja muito mais pronto e preparado para essa ação.

Alguma carência específica no elenco?

– Eu tenho característica de não fazer nenhum tipo de comentário a respeito de contratação, o que necessita e o que não necessita, qual é a possibilidade ou não porque são situações que interfere em mercado, pode interferir em qualquer outra situação. Eu trabalho e confio no grupo que tenho, trabalho incessantemente para que o grupo que nós temos à disposição possa render o seu melhor individualmente. Trabalho para que a gente forme uma equipe coletivamente muito forte para que o individual apareça e sobressaia. A gente está sempre atento a essas conversas, avaliações e reavaliações, sabendo, e frisando mais uma vez, que o Fluminense tem uma situação financeira dificílima. Não é fácil, porque você também precisa ter uma manutenção de estrutura no dia a dia e financeira no mês a mês. Isso tudo traz dificuldade para a direção e nós temos esse entendimento e essa visão. Estamos trabalhando dentro dessas circunstâncias e estamos conseguindo trabalhar bem com toda essa dificuldade que o clube estruturalmente tem.

– A direção está tentando trabalhar de todas as formas para que, cada vez mais, coloque a situação financeira e estrutural do Fluminense em outro nível. Ela está fazendo um grande trabalho com toda essa dificuldade, que não é fácil. Porque futebol sem dinheiro é difícil. Se com dinheiro você já tem dificuldade, imagina sem dinheiro. Então, internamente, a gente faz como tem sido desde o início do ano. A gente senta, conversa, faz reuniões e avaliações. O Fluminense tem que estar sempre aberto às oportunidades de mercado, mas o mercado não está tão fácil assim. Envolve situações financeiras, características… A gente já tem um grupo numeroso, precisa ser cirúrgico. Se, por ventura, a gente achar necessário trazer mais uma característica que tenha em algum jogador, a gente sempre faz isso internamente. Externamente eu sempre tenho muito cuidado para responder esse tipo de situação porque ele pode ser interpretado e até dificultar qualquer tipo de ação nossa. Eu sou um cara que falo muito do grupo que nós temos, que é um grupo de muita qualidade e de muito caráter e profissionalismo, que está dando uma ótima resposta no Campeonato Brasileiro. A gente precisa retomar, a partir de terça-feira, de maneira forte a nossa caminhada de treinamento e buscar a cada jogo uma final e o máximo de pontos possíveis para a gente continuar nessa parte da tabela que a gente está e disputar os primeiros lugares da competição.

Fonte: Ge